ANÁLISE ESPACIAL DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA HUMANA NA REGIÃO NORTE DO PARANÁ
ELOIZA TELES CALDART1, ANAIÁ DA PAIXÃO SEVÁ1, ALINE TICIANI PEREIRA PASCHOAL1, JULIANA SILVA DE OLIVEIRA1, ISADORA DE BRITTO CORTELA1, FERNANDA PINTO FERREIRA 1, REGINA MISTSUKA-BREGANÓ1, ITALMAR TEODORICO NAVARRO1
1. UEL - Universidade Estadual de Londrina, 2. USP - Universidade de São Paulo
nandaferreiravet@gmail.com

Este estudo tem como objetivo analisar a influência de variáveis climáticas, econômicas e ambientais na prevalência de leishmaniose tegumentar americana (LTA), e indicar aos serviços de saúde focos de concentração de casos mais graves. Foram obtidos dados de fichas de notificação de LTA de 22,3% (89/399) dos municípios paranaenses pertencentes às 15ª/16ª/17ª/18ª Regionais de Saúde (RS) no período de 2007-2016. Os pacientes foram georreferenciados de acordo com o endereço de residência. Dados de altitude, temperatura, pluviosidade, clima, IDH-M e cobertura vegetal foram obtidos para cada município em sistemas governamentais e não-governamentais disponíveis. Cálculos de incidência da doença para cada município e de proporção de cobertura vegetal por área de município foram realizados com o software QGIS. Foi realizada análise espacial de estimativa local para avaliação de agrupamentos de casos graves (recidivas, leishmaniose mucosa e co-infecção com HIV) ou abandono de tratamento relacionados aos opostos de suas variáveis, utilizando-se o software Satscan. Para avaliação da significância de cada variável foi utilizado o modelo de regressão linear múltipla, considerando-se p<0,05 no software R. Ao todo, os 1451 casos notificados no período foram georreferenciados. Altitude, temperatura, pluviosidade, clima e IDH-M não se mostraram como uma influência significativa na incidência da LTA nos municípios. Contudo, observou-se que quanto menor a proporção de Mata Atlântica remanescente, maior a incidência de LTA no município (p<0,01), corroborando com a hipótese de que a LTA se expande em locais de desmatamento. Por meio da análise de agrupamentos pode-se observar que os municípios das 18ª e 16ª RS não apresentam agrupamentos estatisticamente significativos de casos graves ou de abandono de tratamento. Em municípios da 15ª RS foi observada concentração de recidivas em relação à casos novos e abandono de tratamento em relação aos casos curados, são eles: Ivatuba, Doutor Camargo, Paiçandu, Ourizona, São Jorge do Ivaí, Nova Esperança, Mandaguaçu, Presidente Castelo Branco, e São Jorge do Ivaí e Maringá. No município de Londrina (17ª RS) observou-se um agrupamento de casos de co-infecção de LTA e HIV, comparados com casos de LTA sem co-infecção. Estes dados demonstram a necessidade de conter desmatamentos para evitar uma maior expansão da LTA no Norte do Paraná, bem como demonstram necessidade de ações imediatas por parte dos gestores nos municípios da 15ª RS.



Palavras-chaves:   Georreferenciamento, Recidiva, Urbanização