FILOGEOGRAFIA E ESTRUTURA DE POPULAÇÕES DO CARAMUJO INVASOR Achatina fulica (GASTROPODA: PULMONATA) VISANDO SUA APLICAÇÃO NO CONTROLE E NA SAÚDE PÚBLICA
JUCICLEIDE RAMOS-DE-SOUZA1, SILVANA CARVALHO THIENGO1, ARNALDO MALDONADO-JUNIOR1, ROBERTO DO VAL VILELA1, BEATRIZ SILVA1, SUZETE RODRIGUES GOMES1, CLAUDIA AUGUSTA MORAES RUSSO1, JOANA ZANOL1
1. LRNEM, FIOCRUZ - Laboratório de Referência Nacional em Esquistossomose – Malacologia, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, 2. UFRJ - Laboratório de Biologia Evolutiva Teórica e Aplicada, Instituto de Biologia Universidade Federal do Rio de Janeiro, 3. LABPMR, FIOCRUZ - Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz
jucirsouza@hotmail.com

Os primeiros registros do caracol invasor africano Achatina fulica no Brasil foram feitos na década de 1980 no Estado do Paraná. Atualmente a espécie está presente em 25 estados. O gigante africano ocorre geralmente em densas populações, podendo trazer problemas ambientais e para a saúde pública como transmissor do nematódeo Angiostrongylus cantonensis , agente etiológico da meningite eosinofílica.  Neste estudo são apresentados dados preliminares de estudo filogeográfico que visa entender os eventos de invasão e dispersão desta espécie no país sob um ponto de vista histórico. Os resultados apresentados estão baseados na análise dos marcadores moleculares motocondriais Citocromo Oxidase I (MT-COI) e 16S rRNA, obtidos a partir de 213 e 226 indivíduos, respectivamente, procedentes de 25 localidades de 16 Estados brasileiros, além de três da Indonésia. O programa Mesquite v.2.74. foi utilizado para alinhamentos e identificação de haplótipos. A variação e divergência genética entre os haplótipos encontrados foi calculada com base no modelo Kimura-2 parâmetros, sendo a diversidade nucleotídica de Nei (π) calculada no programa MEGA5. A frequência de haplótipos nas diferentes localidades foi mapeada utilizando o programa PhyloGeoViz. Os marcadores COI e 16S apresentaram variabilidade genética em 30 indivíduos de oito localidades diferentes. A diversidade de nucleotídeos encontrada em ambos os marcadores (π=0,003), assim como a de haplótipos foi baixa. Foram encontrados sete haplótipos do COI e cinco do 16S. Quando consideramos os dois marcadores juntos (COI+16S), nove haplótipos estiveram presentes com divergência máxima baixa (0,009). Nas diferentes localidades, o número de haplótipos variou de 1 a 2 para COI e de 1 a 3 para 16S e COI+16S. Pelo menos três dos cinco haplótipos encontrados para 16S estão presentes também em outros países. A concentração de um dos haplótipos do 16S e de dois outros do COI apenas na região Centro-Oeste e em Jundiaí pode indicar uma via preferencial de deslocamento de indivíduos de A. fulica . A presença pontual da maioria dos demais haplótipos e a diferença de apenas um nucleotídeo pode sugerir que estas variações se originaram nas populações brasileiras. Estes são os primeiros dados filogeográficos entre populações de A. fulica no Brasil. O estudo de filogeografia e estrutura entre populações poderá subsidiar planos de manejo e controle da espécie, assim como possíveis padrões de associação à helmintofauna de interesse médico-veterinário



Palavras-chaves:  Angiostrongylus cantonensis, manejo, meningite eosinofílica, angiostrongilíase