INFLUÊNCIA DA MICROBIOTA NA SUSCEPTIBILIDADE DE Aedes aegypti E Culex quinquefasciatus AO VÍRUS DA DENGUE, SOROTIPO 1. |
O vírus da Dengue tem causado sérios problemas de saúde pública, podendo ser transmitido por mosquitos do gênero Aedes , sendo Aedes aegypti a única espécie descrita como vetor do vírus da Dengue no Brasil. Apesar de Culex quinquefasciatus ser muito comum em território brasileiro, não é considera vetor para esse vírus. Logo, é importante identificar por quais motivos há diferença para transmissão do vírus da Dengue. Um dos pontos é a influência da microbiota na susceptibilidade dos mosquitos ao vírus da Dengue. Esse trabalho tem como objetivo avaliar a influência da microbiota na susceptibilidade de Ae. aegypti e Cx. quinquefasciatus ao sorotipo 1 do vírus da Dengue. Assim, foram avaliadas a taxa de infecção (TI), disseminação da infecção (TDI) e potencial de transmissão viral (PTV) de mosquitos infectados com vírus da Dengue (sorotipo 1) tratados e não tratados com antimicrobianos nas seguintes concentrações: gentamicina (0,1 mg/µL), penicilina (100 U/µL) e estreptomicina (100 µg/µL). Esse tratamento durou 7 dias e após, foi realizada a infecção artificial dos mosquitos com o vírus da Dengue com tempos de 4 e 7 dias após a infecção (DPI), com retirada do toráx/abdomen para avaliar o TI, cabeça para TDI e glândulas salivares para PTV. Em Cx. quinquefasciatus , as porcentagens da TI e TDI, tanto para o grupo tratado quanto para não tratado com antimicrobianos em todos os tempos de estudo, foram de 0%. Além disso, não houve PTV para ambos os grupos e ambos os tempos. Analisando Ae. aegypti, foi observado que os mosquitos tratados com antimicrobianos obteve uma melhora na TI de 20% e 10% nos tempos 4° e 7° dpi, respectivamente. Para TDI, novamente ocorreu uma melhora (54,2%), entretanto, esse aumento foi somente observado no 4° dpi. O PTV foi observado em todos os tempos estudados, exceto pelo 4° dpi dos mosquitos não tratados, que apresentou ausência de potencial de transmissão. O fato de que Ae. aegypti tratado ter um PTV com 4 dpi e o não tratado estar ausente, nos mostra que o tratamento auxilia na susceptibilidade dos mosquitos nesse tempo. Esses resultados mostram que a microbiota não interfere na susceptibilidade do vírus da Dengue em Cx. quinquefasciatus , mas para Ae. aegypti , a ausência da microbiota torna essa espécie de mosquisto mais susceptível ao vírus, principalmente no 4° dpi. Visto isto, pode-se concluir que a microbiota influência a susceptibilidade ao sorotipo 1 do vírus da Dengue em Ae. aegypti . |