FATORES ASSOCIADOS À QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM DOENÇA DE CHAGAS: ESTUDO TRANSVERSAL (PROJETO SAMI-TROP)
NAYARA DORNELA QUINTINO 1, JOSÉ LUIZ PADILHA DA SILVA1, ANTONIO LUIZ PINHO RIBEIRO1, ESTER CERDEIRA SABINO1, ARIELA MOTA FERREIRA1, CLAUDIA DI LORENZO OLIVEIRA1, CLARECI SILVA CARDOSO1
1. GPEANTS/UFSJ/CCO - Grupo de Pesquisa em Epidemiologia e Avaliação de Novas Tecnologias em Saúde. Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Centro-Oeste., 2. UFPR - Universidade Federal do Paraná, 3. HC/UFMG - Hospital das Clinicas, Universidade Federal de Minas Gerais. , 4. IMT/USP - Instituto de Medicina Tropical, Universidade de São Paulo. , 5. UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros.
nayaradornela@yahoo.com.br

A doença de Chagas (DC) é uma doença tropical negligenciada. As manifestações clínicas podem causar limitação funcional e na percepção da qualidade de vida (QV). O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil de qualidade de vida em pacientes com DC e sua relação com biomarcadores, aspectos clínicos e sociodemográficos. Trata-se de um estudo transversal, utilizando a linha de base de um estudo de coorte conduzido no norte de Minas Gerais e Vale do Jequitinhonha, composto por 1959 pacientes com DC. Utilizou-se questionário clínico e sociodemográfico, e a escala WHOQOL-BREF para avaliar a QV. Os critérios de exclusão para o estudo de QV foram o comprometimento cognitivo ou outro fator que impedisse a autoavaliação da QV. Realizou-se estatística descritiva e, para cada domínio da escala de QV foram calculadas medidas de tendência central e dispersão. Os domínios foram comparados pelo teste de Friedman e Wilcoxon. Para análise bivariada e multivariada, foram utilizados modelos de regressão beta inflacionados, ajustados no software R. Variáveis com p-valor ≤ 0,05 foram consideradas significativas. A QV foi avaliada em 625 participantes, sendo que o Domínio Físico apresentou a mediana e intervalo interquartilico de QV de 60.71 (46.4-67.9); o Domínio Psicológico, 66.67 (58.3-75.0), o Domínio Social, 75.00 (66.7-75.0) e o Domínio Meio Ambiente 59.38 (50.0-66.6). Houve diferença estatisticamente significativa entre os domínios (p<0,001), exceto entre o Domínio Físico e Meio Ambiente. No modelo final, os fatores associados a um menor escore de QV foram no Domínio Físico a Idade (OR 0,95; IC: 0,91-0,99) e utilizar Inibidor da enzima conversora de angiotensina (OR 0,896 IC: 0,80-0,99); no Domínio Psicológico PCR positivo (OR 0,89; IC 0,81-0,98); no Domínio Social Histórico de infarto agudo do miocárdio (OR 0,75; IC 0,61-0,92) e; no Domínio Meio Ambiente a Idade (OR 0,94; IC 0,91-0,97). Já os fatores associados a maior QV foram ser Ex-fumante (OR 1,11; IC 1,00-1,22) e utilizar Antagonistas do receptor da angiotensina (OR 1,15; IC 1,04-1,26). O menor escore de QV no Domínio Meio Ambiente chama a atenção para a importância dos determinantes sociais de saúde intermediários, como recursos financeiros, serviços públicos sociais e de saúde disponíveis e de qualidade, muitas vezes negligenciados em regiões remotas. Os fatores associados a menores escores de QV foram piores aspectos clínicos e aumento da idade.



Palavras-chaves:  Doença de Chagas, Qualidade de Vida, WHOQOL