ANÁLISE COMPARATIVA DA QUALIDADE DE VIDA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DE ETIOLOGIA CHAGÁSICA E NÃO CHAGÁSICA |
INTRODUÇÃO: A Insuficiência Cardíaca (IC) se configura como um desafiador problema de saúde pública com limitações, que podem interferir na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS). OBJETIVOS: Analisar a QVRS dos pacientes com IC de etiologia chagásica e não chagásica em um ambulatório-referência do Estado de Pernambuco. METODOLOGIA: Trata-se de estudo transversal, realizado com 103 pacientes ambulatoriais no período de novembro a dezembro de 2017. Foram aplicados os questionários de qualidade de vida relacionados à saúde: Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire e o SF-36 Health Survey Short Form . O grupo IC de etiologia Chagásica (24%) e não Chagásica (75%). Considerado p-valor<0,05 significante. RESULTADOS: A média de idade da amostra foi de 60,42±10 anos; com predominância masculina (56,3%), grau de instrução até o ensino fundamental (57,3%), profissionalmente inativo (83,5%) e renda per capita de até 01 salário mínimo (67%), dos quais 1,9% não possuem renda; a maioria apresentou Fração de Ejeção Reduzida (57,3%). A média da QVRS foi considerada Moderada (34,29±21), a dimensão física apresentou média de 14,65±12, e a dimensão emocional, 6,51±5. Ao realizar a comparação da QVRS através do Minnesosta, observou-se maior percentual de QVRS Ruim entre os pacientes com IC Chagas (56%), comparados à IC não Chagásica (25,6%) (p=0,019); a dimensão emocional foi a que mais contribuiu para esse resultado (p=0,027). A partir do questionário SF-36, também foi possível observar a influência da etiologia Chagásica no Domínio Saúde Mental, com média de 73,71±22, comparando com os de etiologia Não Chagas 59,04±28 (p=0,009). DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: A percepção de QVRS da população com Chagas ultrapassa as questões clínicas, e os estigmas culturais da Doença de Chagas, comparados ao de doenças crônicas, como o câncer, contribuem, de maneira desfavorável, para a percepção ruim da QVRS. É necessário que a equipe de saúde considere os fatores socioculturais nas orientações dispensadas a esses pacientes e seus familiares, desconstruindo ideias equivocadas sobre a doença, contribuindo para a adesão ao tratamento, para o autocuidado e para a melhora da qualidade de vida relacionada à saúde dessa população. |