LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA SECUNDÁRIA À LEISHMANIOSE VISCERAL EM JOVEM DE ÁREA ENDÊMICA
AMANDA VIEIRA DA SILVA MELO 1, RENAN FERNANDES DE LIMA1, FERNANDA CALIXTO DO PRADO VAN AGT1, TOMAZ CHRISTIANO DE ALBUQUERQUE GOMES1, PAULA TEIXEIRA LYRA1, REGINELLE SOUSA TERTO JACOB1, THIAGO AUGUSTO MACIEL1
1. HUOC - Hospital Universitário Oswaldo Cruz
amanda.vieirasm@gmail.com

A leishmaniose visceral (LV), causa importante de mortalidade, pode mimetizar ou levar a distúrbios hematológicos, tais como a linfohistiocitose hemofagocítica (HLH). Por apresentarem quadro semelhante de febre, organomegalia e citopenias, as manifestações clínicas de HLH e LV se sobrepõem e o diagnóstico dessas entidades em áreas endêmicas é desafiador. Este estudo relata o caso de paciente com diagnóstico de HLH secundária a LV que recebeu tratamento simultâneo para ambas. Paciente 21 anos, masculino, admitido com quadro progressivo de perda ponderal, febre, hematêmese e dor abdominal em hipocôndrio e flanco esquerdos há 6 meses. Ao exame, evidenciou-se hepatoesplenomegalia, petéquias disseminadas e sangramento. Exames evidenciaram pancitopenia grave (Hb 6,2mg/dL, leucócitos 700/ul e plaquetas 18.000/ul), aumento de Ferritina (7352ng/ml), hipertrigliceridemia (314mg/dL) e sorologia para Leishmaniose IgG 1/640. Sorologias virais negativas. Apresentou instabilidade hemodinâmica e necessidade de cuidados intensivos. Diante dos critérios clínicos e laboratoriais, foi diagnosticado HLH secundária à LV. Iniciou-se simultaneamente Anfotericina Lipossomal (AmB-L) 3mg/kg/dia, dexametasona 20mg/dia e Etoposídeo 300mg, conforme protocolo HLH 2004. Por piora clínico-laboratorial foram realizadas IVIG 1g/kg/dia por 2 dias, hemotransfusões e suspenso Etoposídeo. No 15°dia de tratamento, realizou KAtex 3+/3+ e optou-se por retratar LV com AmB-L 4mg/kg/dia por 5 dias, mais 5 dias de manutenção. Mielograma realizado no 21°dia confirmou histiócitos em atividade fagocítica, sem evidência de parasitos. Recebeu alta da UTI após término do tratamento para HLH com KAtex de controle negativo. Alta hospitalar após 1 mês em boas condições clínicas. O diagnóstico de HLH secundário à LV requer alto índice de suspeição, sendo condição rara e potencialmente fatal. Nestes casos, a imunossupressão intensa pode ter consequências fatais. O tratamento com AmB-L garante uma remissão durável e a terapia intensificada deve ser considerada em pacientes imunossuprimidos. Associar IVIG mostra benefícios no controle da inflamação e resposta precoce ao tratamento. Uma vez estabelecido o diagnóstico de HLH e instituído o tratamento da doença de base, a terapia adjuvante torna-se na maioria desnecessária. A abordagem agressiva, porém, é justificada e deve ser iniciada antes de diagnósticos finais.

Palavras-chaves: Anfotericina B lipossomal; Leishmaniose visceral; Linfohistiocitose hemofagocítica



Palavras-chaves:  Anfotericina B lipossomal (AmB-L), Leishmaniose visceral (VL), Linfohistiocitose hemofagocítica (HLH)