LEISHMANIOSE TEGUMENTAR EM CRIANÇAS MENORES DE 13 ANOS - PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DO HUJM, REFERÊNCIA PARA O ESTADO DE MT
ALINE APARECIDA DE SENE SOUZA1, BRUNO DE OLIVEIRA CALVO1, GABRIELA VARRASCHIM ROCHA 1, CAMILLA BEATRIZ VIEIRA RIBEIRO TEIXEIRA1, DAVID BONINI VIEIRA CAMPANHÃ1, MARIANA NASCIMENTO PONA1, ISABELLE CRISTYNE FLÁVIA GOULART DE PONTES1, PATRÍCIA REIS FUÃO1, LETÍCIA ROSSETTO DA SILVA CAVALCANTE1, WAGNER IZIDORO DE BRITO1, MARCIA HUEB1
1. HUJM/EBSERH/UFMT - Hospital Universitário Júlio Müller
gabivarraschim@hotmail.com

A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma antropozoonose infecciosa e não contagiosa, em que o homem se expõe à infecção/doença principalmente quando adentra à mata ou reside em áreas de desmatamento e/ou expansão agrícola. No Brasil, a LTA é mais frequente em homens adultos e apresenta grande prevalência em áreas da Amazônia Legal. No entanto, tem ocorrido modificações no perfil epidemiológico da doença, com tendência ao aumento de casos em ambientes como os rurais tradicionais e até em áreas periurbanas, o que pode comprometer outras camadas da população e outras faixas etárias. Aqui se descreve o total de casos novos de LTA no período de 2008 a 2017, em menores de 13 anos e notificados pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital Universitário Júlio Müller (NVE-HUJM), única referência para a doença no estado; procedeu-se a análise descritiva da ficha de notificação e investigação do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) dos pacientes do serviço. Todos os 57 casos se manifestaram na forma cutânea. Os anos de 2015 e 2017 mostraram maior incidência da doença, com 11 e 10 casos respectivamente. Quanto à idade, 5 pacientes (8,8%) tinham menos de 1 ano completo, 9 (17,6%) entre 1 e 4 anos, 16 (28,1%) entre 5 e 8 anos e os outros 26 (45,6%) entre 9 e 13 anos incompletos; a idade com maior número de casos foi de 10 anos (14%), seguida por 11 e 5 anos (12,3% cada).  Assim como nos adultos, o acometimento foi mais comum em meninos, que representaram 59,6% do total de casos. Quanto à característica étnica-racial, a maioria dos acometidos foi de pardos (75,4%), seguidos por brancos (17,5%) e 5,3% indígenas. Sobre a escolaridade dos pacientes, 42,1% ainda não estavam em idade escolar, 29,8% cursando entre 1ª e 4ª série do ensino fundamental, e 7% entre 5ª e 8ª série; um único paciente era analfabeto, 3 completaram a 4ª série, e esse dado não foi obtido em 5 das crianças. Conclui-se que a LTA, antes quase exclusivamente de ciclo silvestre em MT, apresenta mudanças no padrão epidemiológico, o que inclui a exposição de crianças ao ciclo de transmissão. Mais profissionais precisam estar treinados e atentos ao diagnóstico das diferentes formas clínicas da doença, inclusive em pacientes pediátricos.



Palavras-chaves:  Leishmaniose, Leishmaniose cutânea, Leishmaniose cutânea em crianças, Leishmaniose em Mato Grosso, Leishmaniose tegumentar americana