LEISHMANIOSE TEGUMENTAR EM CRIANÇAS MENORES DE 13 ANOS - PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DO HUJM, REFERÊNCIA PARA O ESTADO DE MT |
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma antropozoonose infecciosa e não contagiosa, em que o homem se expõe à infecção/doença principalmente quando adentra à mata ou reside em áreas de desmatamento e/ou expansão agrícola. No Brasil, a LTA é mais frequente em homens adultos e apresenta grande prevalência em áreas da Amazônia Legal. No entanto, tem ocorrido modificações no perfil epidemiológico da doença, com tendência ao aumento de casos em ambientes como os rurais tradicionais e até em áreas periurbanas, o que pode comprometer outras camadas da população e outras faixas etárias. Aqui se descreve o total de casos novos de LTA no período de 2008 a 2017, em menores de 13 anos e notificados pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital Universitário Júlio Müller (NVE-HUJM), única referência para a doença no estado; procedeu-se a análise descritiva da ficha de notificação e investigação do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) dos pacientes do serviço. Todos os 57 casos se manifestaram na forma cutânea. Os anos de 2015 e 2017 mostraram maior incidência da doença, com 11 e 10 casos respectivamente. Quanto à idade, 5 pacientes (8,8%) tinham menos de 1 ano completo, 9 (17,6%) entre 1 e 4 anos, 16 (28,1%) entre 5 e 8 anos e os outros 26 (45,6%) entre 9 e 13 anos incompletos; a idade com maior número de casos foi de 10 anos (14%), seguida por 11 e 5 anos (12,3% cada). Assim como nos adultos, o acometimento foi mais comum em meninos, que representaram 59,6% do total de casos. Quanto à característica étnica-racial, a maioria dos acometidos foi de pardos (75,4%), seguidos por brancos (17,5%) e 5,3% indígenas. Sobre a escolaridade dos pacientes, 42,1% ainda não estavam em idade escolar, 29,8% cursando entre 1ª e 4ª série do ensino fundamental, e 7% entre 5ª e 8ª série; um único paciente era analfabeto, 3 completaram a 4ª série, e esse dado não foi obtido em 5 das crianças. Conclui-se que a LTA, antes quase exclusivamente de ciclo silvestre em MT, apresenta mudanças no padrão epidemiológico, o que inclui a exposição de crianças ao ciclo de transmissão. Mais profissionais precisam estar treinados e atentos ao diagnóstico das diferentes formas clínicas da doença, inclusive em pacientes pediátricos. |