CIANOTOXINAS PROMOTORAS DE TUMORES HEPÁTICOS EM ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NO ESTADO DE PERNAMBUCO
BÁRBARA REGINA TRINDADE SANTOS 1, VICTOR HUGO MOREIRA DE LIMA1, CARMEM CAROLINE ALMEIDA SOARES1, CÍCERO TIAGO DA SILVA GOMES1, IANA RAPHAELA DE SÁ1, GISELE MACENA LIRA1
1. LACEN PE - Laboratório Central de Saúde Pública “Dr. Milton Bezerra Sobral”
barbarartsantos2@gmail.com

Em 2010, a Organização Mundial de Saúde classificou microcistina-LR como sendo possivelmente carcinogênica para os humanos. Estudos indicam a possibilidade da cilindrospermopsina ser um iniciador tumoral. Estima-se que 80% da contaminação por cianotoxinas seja proveniente da ingestão de água contaminada. Este trabalho teve por objetivo realizar levantamento de informações referentes à ocorrência de cianotoxinas promotoras de tumores hepáticos em água para consumo humano coletada após tratamento nas Estações de Tratamento de Água (ETAs) distribuídas em Pernambuco. A coleta de dados se deu através do Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial do Estado de Pernambuco – GAL/ SUS, no período de janeiro de 2016 a abril de 2018. As análises de microcistinas e cilindrospermopsina foram realizadas no Laboratório Central de Saúde Pública “Dr. Milton Bezerra Sobral” através de método imunoenzimático Kit Elisa Abraxis ® . Nos últimos três anos, 09 estações de tratamento de água do Estado de Pernambuco apresentaram microcistinas e cilindrospermopsina na água após o tratamento. Dentre as ETAs, 03 pertencem à mesorregião da zona da mata, 05 estão no agreste e 01 no sertão. As concentrações de microcistinas variaram entre 0,16 µg L -1 e 0,41 µg L -1 , enquanto as de cilindrospermopsina entre 0,05 µg L -1 e 0,59 µg L -1 . Constatou-se que o tratamento destas ETAs está sendo ineficiente para a remoção ou inativação completa de cianotoxinas. Apesar dos valores de concentração observados estarem abaixo dos valores máximos permitidos para água tratada (1,0 µg L -1 tanto para microcistinas como cilindrospermopsina), a presença dessas cianotoxinas na água após tratamento é preocupante. Intoxicações crônicas por microcistinas ou cilindrospermopsina apresentam um risco à saúde da população humana em virtude do potencial de absorção e bioacumulação destas toxinas em diversos órgãos, como fígado, intestinos, rins e em tecido muscular, já comprovado em estudos com peixes e porcos. Enfatiza-se com este trabalho a relevância do contínuo monitoramento de microcistinas e cilindrospermopsina nas águas para consumo humano após o tratamento realizado nas ETAs, e ressalta-se a necessidade de estudos do ponto de vista epidemiológico e toxicológico dos efeitos crônicos da exposição prolongada a estas toxinas através da ingestão de baixas concentrações.



Palavras-chaves:  cianotoxinas, estação de tratamento de água, vigilância em saúde