CIANOTOXINAS PROMOTORAS DE TUMORES HEPÁTICOS EM ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NO ESTADO DE PERNAMBUCO |
Em 2010, a Organização Mundial de Saúde classificou microcistina-LR como sendo possivelmente carcinogênica para os humanos. Estudos indicam a possibilidade da cilindrospermopsina ser um iniciador tumoral. Estima-se que 80% da contaminação por cianotoxinas seja proveniente da ingestão de água contaminada. Este trabalho teve por objetivo realizar levantamento de informações referentes à ocorrência de cianotoxinas promotoras de tumores hepáticos em água para consumo humano coletada após tratamento nas Estações de Tratamento de Água (ETAs) distribuídas em Pernambuco. A coleta de dados se deu através do Sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial do Estado de Pernambuco – GAL/ SUS, no período de janeiro de 2016 a abril de 2018. As análises de microcistinas e cilindrospermopsina foram realizadas no Laboratório Central de Saúde Pública “Dr. Milton Bezerra Sobral” através de método imunoenzimático Kit Elisa Abraxis ® . Nos últimos três anos, 09 estações de tratamento de água do Estado de Pernambuco apresentaram microcistinas e cilindrospermopsina na água após o tratamento. Dentre as ETAs, 03 pertencem à mesorregião da zona da mata, 05 estão no agreste e 01 no sertão. As concentrações de microcistinas variaram entre 0,16 µg L -1 e 0,41 µg L -1 , enquanto as de cilindrospermopsina entre 0,05 µg L -1 e 0,59 µg L -1 . Constatou-se que o tratamento destas ETAs está sendo ineficiente para a remoção ou inativação completa de cianotoxinas. Apesar dos valores de concentração observados estarem abaixo dos valores máximos permitidos para água tratada (1,0 µg L -1 tanto para microcistinas como cilindrospermopsina), a presença dessas cianotoxinas na água após tratamento é preocupante. Intoxicações crônicas por microcistinas ou cilindrospermopsina apresentam um risco à saúde da população humana em virtude do potencial de absorção e bioacumulação destas toxinas em diversos órgãos, como fígado, intestinos, rins e em tecido muscular, já comprovado em estudos com peixes e porcos. Enfatiza-se com este trabalho a relevância do contínuo monitoramento de microcistinas e cilindrospermopsina nas águas para consumo humano após o tratamento realizado nas ETAs, e ressalta-se a necessidade de estudos do ponto de vista epidemiológico e toxicológico dos efeitos crônicos da exposição prolongada a estas toxinas através da ingestão de baixas concentrações. |