TUBERCULOSE EM TRANSPLANTADOS RENAIS: DIFICULDADES NO RASTREIO NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO |
A tuberculose (TB) é causada por bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis . Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 100 milhões de pessoas são infectadas a cada ano no mundo. No Brasil, a incidência de TB é de aproximadamente 37,5/100.000 habitantes. Pacientes transplantados renais apresentam-se imunocomprometidos, possibilitando a ativação de uma infecção latente ou o surgimento de uma nova infecção. O objetivo deste trabalho é revisar os fatores apontados como causas do diagnóstico tardio pós-transplante renal. Para isso, o presente estudo constitui-se de uma revisão sistemática acerca do tema. Realizou-se pesquisa nas bases de dados CAPES e Medline/pubmed, utilizando-se os termos tuberculosis AND renal transplant . Filtrou-se os resultados com os seguintes critérios: artigos publicados entre 2015 e 2018; inglês e português; delimitados em tuberculosis e kidney transplantation . Resultou-se em 41 artigos, que foram lidos, excluindo-se aqueles que não se limitavam ao objetivo proposto. Restaram 07 artigos que subsidiaram esta revisão. Demonstrou-se que em países endêmicos para TB o risco de infecção pelo M. tuberculosis em transplantados renais é maior, especialmente na forma de ativação de uma infecção latente não rastreada no pré-operatório. Estudo realizado no Departamento de Doenças Infecciosas do Primeiro Hospital Filiado da Universidade de Zhejiang, na China, observou que, em transplantados, o risco de infecção varia 20-74 vezes o da população em geral. Na Austrália, uma coorte realizada com 660 pacientes, concluiu que mais de 70% dos testes para detecção de TB foram realizadas pós- transplante, o que sugere que não houve busca de TB latente, e sim da TB ativa. Na presença de febre prolongada com manifestações clínicas incomuns, a TB deve ser considerada, especialmente em países endêmicos. O uso prolongado de antibióticos está associado ao atraso no diagnóstico, porque os sintomas clínicos podem ser temporariamente melhorados durante seu uso, mas exacerbados após sua interrupção. Atentar-se para sintomas inespecíficos como os gastrointestinais. A Tomografia Computadorizada de Alta Resolução (TCAR) foi o exame mais citado para a detecção de TB pulmonar pós-transplante, além de prova histopatológica. Conclui-se, portanto, que a investigação ativa e o tratamento da TB latente antes do transplante podem impedir a reativação dessa doença, e sua detecção precoce pós-transplante deve ser incluída em protocolos de investigação. |