SÍFILIS CONGÊNITA E FALHAS NO PRÉ-NATAL: TENDÊNCIA DA INCIDÊNCIA NO NORDESTE BRASILEIRO, 2007 A 2016 |
A sífilis é causada pela infecção pelo Treponema pallidum e apresenta altas taxas de transmissão vertical. A incidência da sífilis congênita permite avaliar a qualidade da assistência materno-infantil, visto que sua prevenção é realizada unicamente no pré-natal. Seu diagnóstico não é difícil e a doença deve ser rastreada em todas as gestantes. Potanto, este trabalho tem como objetivo analisar a tendência da incidência de sífilis congênita no nordeste brasileiro, entre 2007 e 2016. Trata-se de um estudo ecológico de séries temporais. Realizou-se pesquisa nas bases de dados do Departamento de vigilância, prevenção e controle das ISTs/Ministério da Saúde. Foram calculadas as Taxas de Incidência (TI), por cada mil nascidos vivos, de cada estado do nordeste brasileiro e posteriormente estes dados foram exportados para o Joinpoint Regression Program para análise da tendência do indicador. A tendência foi classificada em crescente, estacionária ou decrescente. Calculou-se o percentual de variação anual (APC IC95%), e percentual de variação anual média (AAPC IC95%). Significância de 5%. Observou-se tendência significativa de crescimento na incidência de sífilis congênita no período estudado, em todos os estados, sendo a Bahia e o Piauí os estados que apresentaram maior aumento do indicador com APC de 28,0(IC95%: 24,8; 31,3) e AAPC 39,3(20,2 a 61,3), respectivamente. No período de 2007 a 2009, porém, observou- se tendência de declínio na incidência da doença no estado do Piauí sem significância estatística (APC = -20,3; IC95%: -63,7 a 74,8). Analisando todo o nordeste brasileiro, conclui-se haver um crescimento significativo do indicador com APC 17,3(IC95%:14,4; 20,3). Em números gerais, a maior TI no último ano estudado, 2016, ocorreu em Pernambuco com valor de 10,4 por mil nascidos vivos. A análise demonstrou tendência de crescimento da incidência de sífilis congênita no nordeste brasileiro, indicando a presença de condições favoráveis à transmissão da doença e ineficiência nos cuidados materno-infantis na região, especialmente no período pré-natal, quando as gestantes infectadas poderiam ser rastreadas e tratadas. Há também os casos subnotificados. Por fim, conclui-se que o importante crescimento observado permite inferir que ainda há um caminho extenso a ser seguido a fim de eliminar a sífilis congênita como problema de saúde pública no nordeste brasileiro, o que demandaria a redução de sua incidência para menos de um caso por mil nascidos vivos. |