NOVO SÉCULO, VELHOS PROBLEMAS: EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE NO NORDESTE BRASILEIRO, 2007 a 2015 |
INTRODUÇÃO: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença sistêmica crônica causada por protozoários do gênero Leishmania . No Brasil, a LV inicialmente possuía caráter rural, mas recentemente vem se expandindo para o meio urbano, sendo mais frequente em crianças menores de 10 anos. OBJETIVO: Analisar a tendência da incidência e a mortalidade por LV no Nordeste brasileiro entre 2007 e 2015. Desenho do Estudo: Ecológico de séries temporais. MÉTODO: Os dados são provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação e do Sistema de Informação de Mortalidade, colhidos no DATASUS por meio do TABNET. Foram analisados os coeficientes de incidência e mortalidade por LV nos estados do Nordeste. Após o cálculo dos indicadores, aplicou-se regressão segmentada (joinpoint regression). A tendência foi classificada em crescente, estacionária ou decrescente. Calculou-se o percentual de variação anual (APC), IC 95%. Significância de 5%. RESULTADOS: De 2007 a 2015 houve um discreto aumento da incidência na região nordeste (3,34 para 3,74 casos a cada 100.000/hab) e da mortalidade (0,18 para 0,29 óbitos a cada 100.000/hab) por LV, observa-se uma maior taxa de incidência no sexo masculino. A taxa de incidência por LV na região nordeste não apresentou mudança significativa ao longo do período estudado (APC=1,43; IC -2,0; 5,0; p= 0,4). Piauí apresentou duas tendências, sendo a primeira de redução, entre 2007-2010 (APC= -16,0; IC= -37,8;13,4; p= 0,8) e a segunda de aumento, 2011-2015 (APC= 8,9;IC= -4,8; 24,5; p= 0,8), enquanto Pernambuco apresentou componente de acréscimo com relevância em tendência 2, de 2013 a 2015 (APC= 73,8; IC= 0,9 a 199,1; p< 0,01). No Ceará, ao longo do período analisado, observou-se componente de acréscimo (APC= 17,8; IC= 5,0 a 32,2; p< 0,01). Já em relação a mortalidade por LV, houve relevante acréscimo no comportamento estatístico na região nordeste (APC= 6,42; IC= 2,3 a 10,7; p< 0,01), e no estado do Ceará (APC= 20,47; IC= 7,9 a 34,5; p< 0,01). DISCUSSÃO: A discreta variação nos índices de notificação e óbitos, ao longo dos anos dos estados da região nordeste, permite inferir a necessidade de medidas preventivas mais direcionadas para melhoria desse quadro. CONCLUSÃO: A tendência de crescimento da incidência e mortalidade no estado do Ceará, entre 2007-2015, e da incidência, em Pernambuco, a partir de 2013, mostraram que esses estados devem ser objeto de intervenção. |