DETECÇÃO DE Leishmania spp. EM Lutzomyia spp. EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA NO ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL.
YURY YZABELLA DA SILVA 1, KAMILA GAUDÊNCIO DA SILVA SALES1, DÉBORA ELIENAI DE OLIVEIRA MIRANDA1, FERNANDO JOSÉ DA SILVA1, FÁBIO LOPES DE MELO1, LUCIANA AGUIAR FIGUEREDO1, SINVAL PINTO BRANDÃO-FILHO1, FILIPE DANTAS TORRES1
1. IAM/ FIOCRUZ - Departamento de Imunologia, Instituto Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, Pernambuco, Brasil.
yuryydasilva@gmail.com

A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma zoonose de grande relevância, sendo uma das mais importantes doenças tropicais negligenciadas nas Américas. A LTA é causada por protozoários do gênero Leishmania , que são transmitidos por flebotomíneos (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae). No Brasil, a doença ocorre em todas as regiões geográficas, porém sua incidência é maior nas regiões norte e nordeste do país. Em Pernambuco, surtos de LTA foram registrados no Campo de Instrução Militar Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC), um campo de treinamento militar localizado em remanescente de mata atlântica. Estudos sugerem que uma grande diversidade de espécies de flebotomíneos que poderiam atuar como vetores de Leishmania braziliensis , principal agente etiológico da LTA no Brasil. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo detectar a presença de Leishmania spp. em fêmeas de Lutzomyia spp. coletadas no CIMNC entre os anos de 2012 a 2014. Para esse fim, foram testadas fêmeas de flebotomíneos (individualmente ou em pools de até 10 fêmeas) pertencentes a cinco diferentes espécies coletadas em diferentes datas e pontos de coleta. Posteriormente, foram realizadas a extração de DNA e a PCR em tempo real para detecção de DNA de Leishmania spp. Os produtos positivos da PCR em tempo real foram digeridos com a enzima de restrição HaeIII e os padrões de bandas analisados por eletroforese. De um total de 1807 fêmeas, 256 amostras (i.e., 65 pools ) foram positivas para a presença de DNA de Leishmania spp., dentre esses, 11 pools (16,9%) foram da espécie Lu. complexa / wellcomei, 24 (36,9%) de Lu. sordellii , e 28 (43,1%) de Lu . longispina . Duas espécies ( Lu . choti e Lu . umbratilis ) obtiveram resultado positivo para um pool cada (1,5%). Na análise por enzima de restrição, 10 amostras apresentaram um padrão de bandas sugestivo de L. braziliensis . Os resultados do presente estudo reforçam a hipótese de que Lu. choti possa estar atuando como vetor de L. braziliensis , além de aventar sobre o papel de Lu. longispina e Lu. sordellii na transmissão desse agente na área de estudo, entre os animais silvestres e, eventualmente, desses aos seres humanos. Esses resultados indicam que diferentes espécies de flebotomíneos podem estar atuando como vetores de L. braziliensis em remanescentes de mata atlântica em Pernambuco.



Palavras-chaves:  Lutzomyia spp., Leishmania, leishmaniose tegumentar americana