NOVO SÉCULO, VELHOS PROBLEMAS: TENDÊNCIA DA SÍFILIS GESTACIONAL E CONGÊNITA NO NORDESTE DO BRASIL |
INTRODUÇÃO: Somente em 2015, o número total de casos notificados de sífilis em gestantes, no Brasil, foi de 33.365 casos. Desse total, 18,7% ocorreram na região Nordeste. Além disso, foram registrados 19.228 casos de sífilis congênita, o que representou 30,0% de todos os casos do país. OBJETIVO: Analisar a tendência da sífilis gestacional e congênita, segundo características sociodemográficas e clínicas, entre 2008 e 2015 nos estados do Nordeste brasileiro. DESENHO DO ESTUDO: Ecológico de séries temporais. MÉTODOS : Dois grupos de variáveis (gestante e congênita). Sífilis gestante: classificação clínica, faixa etária, raça/cor, escolaridade, idade gestacional. Sífilis congênita: faixa etária da mãe, raça/cor, escolaridade, idade da criança, diagnóstico final, realização de pré-natal, momento do diagnóstico da sífilis materna, esquema de tratamento materno, parceiro tratado. Foram incluídos todos os casos registrados no nordeste entre 2008 e 2015. Dados extraídos do site do Datasus. Aplicou-se modelo de regressão segmentada ( joinpoint regression ) para cada característica. A tendência foi classificada em estacionária, crescente e decrescente. Calculou-se o APC ( annual percent change ) e IC 95%. Significância 5%. RESULTADOS : Tendências de crescimento significativas foram observadas na sífilis terciária (APC 10,3%; IC95% 5,5 a 15,4), faixa etária 15-19 anos (APC 5,3%; IC95% 1,9 a 8,8), raça parda (APC 1,5%; IC95% 0,8 a 2,2), maior escolaridade (APC 10,83%), diagnóstico no primeiro trimestre da gestação (APC 5,4%; 2,3 a 8,5). Na sífilis congênita, destacaram-se o crescimento dos casos diagnosticados em <7 dias de vida (APC 0,2%; IC95% 0,1 a 0,4), do diagnóstico no momento do pré-natal (APC 3,1%; IC95% 1,0 a 5,2), esquema de tratamento materno inadequado (APC 3.6%; IC95% 0,8 a 6,6). Observou-se diminuição importante do diagnóstico tardio (APC -26,7%; IC95% -45,7 a -0,9). DISCUSSÃO : O crescimento da sífilis terciária em gestantes, baixa faixa etária e esquema de tratamento materno inadequado são fatores que merecem especial atenção por parte do sistema de saúde. Por outro lado, a melhoria do acesso ao pré-natal e a disponibilidade de testes justificam parte dos achados. CONCLUSÃO : Embora sejam observadas características preocupantes, como a sífilis terciária e a ocorrência em gestantes muito jovens, a melhoria também é ressaltada, como redução do diagnóstico tardio de sífilis congênita. |