NOVO SÉCULO, VELHOS PROBLEMAS: TENDÊNCIA DA SÍFILIS GESTACIONAL E CONGÊNITA NO NORDESTE DO BRASIL
KATHLEEN CÉZAR DE MÉLO1, AISLA GRACIELE GALDINO DOS SANTOS1, ALYNE BARBOSA BRITO1, SAULO HENRIQUE SALGUEIRO DE AQUINO1, MARIA DEYSIANE PORTO ARAÚJO1, CARLOS DORNELS FREIRE DE SOUZA1
1. UFAL - Universidade Federal de Alagoas
kel.cezar@hotmail.com

INTRODUÇÃO: Somente em 2015, o número total de casos notificados de sífilis em gestantes, no Brasil, foi de 33.365 casos. Desse total, 18,7% ocorreram na região Nordeste. Além disso, foram registrados 19.228 casos de sífilis congênita, o que representou 30,0% de todos os casos do país. OBJETIVO: Analisar a tendência da sífilis gestacional e congênita, segundo características sociodemográficas e clínicas, entre 2008 e 2015 nos estados do Nordeste brasileiro. DESENHO DO ESTUDO: Ecológico de séries temporais. MÉTODOS : Dois grupos de variáveis (gestante e congênita). Sífilis gestante: classificação clínica, faixa etária, raça/cor, escolaridade, idade gestacional. Sífilis congênita: faixa etária da mãe, raça/cor, escolaridade, idade da criança, diagnóstico final, realização de pré-natal, momento do diagnóstico da sífilis materna, esquema de tratamento materno, parceiro tratado. Foram incluídos todos os casos registrados no nordeste entre 2008 e 2015. Dados extraídos do site do Datasus. Aplicou-se modelo de regressão segmentada ( joinpoint regression ) para cada característica. A tendência foi classificada em estacionária, crescente e decrescente. Calculou-se o APC ( annual percent change ) e IC 95%. Significância 5%. RESULTADOS : Tendências de crescimento significativas foram observadas na sífilis terciária (APC 10,3%; IC95% 5,5 a 15,4), faixa etária 15-19 anos (APC 5,3%; IC95% 1,9 a 8,8), raça parda (APC 1,5%; IC95% 0,8 a 2,2), maior escolaridade (APC 10,83%), diagnóstico no primeiro trimestre da gestação (APC 5,4%; 2,3 a 8,5). Na sífilis congênita, destacaram-se o crescimento dos casos diagnosticados em <7 dias de vida (APC 0,2%; IC95% 0,1 a 0,4), do diagnóstico no momento do pré-natal (APC 3,1%; IC95% 1,0 a 5,2), esquema de tratamento materno inadequado (APC 3.6%; IC95% 0,8 a 6,6). Observou-se diminuição importante do diagnóstico tardio (APC -26,7%; IC95% -45,7 a -0,9). DISCUSSÃO : O crescimento da sífilis terciária em gestantes, baixa faixa etária e esquema de tratamento materno inadequado são fatores que merecem especial atenção por parte do sistema de saúde. Por outro lado, a melhoria do acesso ao pré-natal e a disponibilidade de testes justificam parte dos achados. CONCLUSÃO : Embora sejam observadas características preocupantes, como a sífilis terciária e a ocorrência em gestantes muito jovens, a melhoria também é ressaltada, como redução do diagnóstico tardio de sífilis congênita.



Palavras-chaves:  Cuidado Pré-Natal, Estudos Ecológicos, Estudos de Séries Temporais