PERFIL CLÍNICO DE PACIENTES INFECTADOS COM HEPATITE C ATENDIDOS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA EM PERNAMBUCO ENTRE 2010 E 2018 |
O vírus da Hepatite C (HCV) é responsável pela infecção de 3% da população mundial, dos quais 182.389 (1,9%) estão no Brasil. Em 2017, as maiores taxas de detecção foram observadas na faixa etária de 60 anos em ambos os sexos. De 1999 a 2016, 58,5% dos infectados no Brasil foram homens. Em 2017, foi constatado que a principal fonte de contaminação foi através do uso de drogas (29,2%). O HCV é dividido em 7 genótipos, onde o mais comum é o genótipo 1, representando 46,2% dos casos de HCV. Comumente, pacientes infectados com HCV evoluem para um quadro de fibrose hepática, cirrose e/ou carcinoma hepatocelular (CHC). A infecção pelo HCV representa a segunda maior causa de CHC, correspondendo 36% dos casos do câncer. O presente estudo busca investigar o perfil clínico dos pacientes infectados pelo HCV acompanhados em ambulatório. Neste estudo analítico transversal, analisou-se 1.013 pacientes, onde 826 atendiam aos critérios de inclusão: acima de 18 anos e sem co-infecção. Os dados obtidos são de fonte documental através dos prontuários. Porcentagens, médias e desvio padrão foram calculados. Dos 826 pacientes, 449 (54,4%) são mulheres; 50 (6,0%) desenvolveram CHC , onde 49 (5,9%) foram diagnosticados por ressonância magnética e 7 (0,8%) por ultrassonografia. Quanto a fibrose, 688 (83,3%) apresentaram F0-F3 e 88 (10,7%) são cirróticos. Quanto ao tratamento, 98 (11,9%) estão em tratamento, 228 (27,6%) já o realizaram e 500 (60,5%) não chegaram a realizá-lo. Em relação ao genótipo, 553 (67,0%) detêm o tipo 1, 24 (2,9%) tipo 2 e 249 (30,1%) o tipo 3. Quanto à idade, 82 (9,9%) pacientes têm de 18 a 40 anos, 414 (50,2%) de 41 a 59 anos e 330 (39,9%) acima de 60 anos. Sobre as formas de contaminação prováveis, 441 (53,4%) realizaram cirurgia, 405 (49,0%) fizeram uso de medicação injetável, 308 (37,3%) hemotransfusão e 26 (3,1%) uso de drogas. Do total, 645 (78,1%) indivíduos estão na RMR e 162 (19,6%) no interior do estado, onde a complicação hepática mais comum é a fibrose. Fibrose, genótipos e localidade demonstram porcentagens compatíveis à literatura. Entretanto, o número de mulheres infectadas prevalece. Cirurgia seguida por medicações injetáveis são as fontes de risco de contaminação mais comuns, em contraste com a literatura. Indivíduos de 40 a 59 anos e fibrose são maioria, o que pode ser devido ao diagnóstico tardio causado pela assintomatologia da doença. |