GESTANTES COM INFECÇÃO POR ZIKA: CARACTERIZAÇÃO DO CASO DE MATO GROSSO DO SUL
CRISTINA SOUZA 1, IARA BEATRIZ ANDRADE1, SILVANA BEUTINGER MARCHIORO1, CRHISTINNE CAVALHEIRO MAYMONE GONÇALVES1, JULIO HENRIQUE ROSA CRODA1
1. UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2. UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados
tinah_souza@hotmail.com

A disseminação do Zika vírus (ZIKV) é crescente e estudos demonstram sua associação ao aumento de alterações congênitas em crianças. No Brasil, em 2017, foram registrados 17.594 casos prováveis de febre pelo vírus Zika e 216.207, em 2016. Em Mato Grosso do Sul, são contabilizados 57 casos notificados de microcefalia e/ou alterações do SNC para o período de 2015 a janeiro de 2017. Essa pesquisa objetiva identificar fatores de risco associados a alterações congênitas nas gestantes infectadas pelo Zika e a qualidade do serviço ofertado a essa população. Trata-se de estudo epidemiológico híbrido, transversal e observacional, longitudinal, retrospectivo, em gestantes notificadas no SINAN de 2015 a janeiro de 2017 no Estado do Mato Grosso do Sul. Inicialmente foram identificadas nos bancos do Sistema Nacional de Agravos de Notificação Compulsória (SINAN), Sistema de Gerenciamento Laboratorial (GAL), Sistema Nacional de Regulação (SISREG) e Registro de Eventos em Saúde Pública (RESP); em que foram encontrados 322 registros de casos prováveis de Zika em mulheres gestantes. Para este universo foram realizadas as buscas de endereços para contato prévio para a realização da entrevista. Das residentes na capital, 45% não possuem qualquer tipo de contato para serem localizadas e 14% ainda estão em fase de busca ativa. Deste universo, já foram entrevistadas 132 gestantes, 75% na capital e 25% nos 78 outros municípios. Destas, 44.7 tem de 30-40 anos, 42% entre 1 a 2 salários mínimos, 30% com ensino médio completo, 98.5 relataram ter feito pré-natal, 61% com assistência pública, 13% atendimento privado e 26% mista. 90% tiveram como desfecho - nascido vivo; e das entrevistadas, 11% relataram que a criança foi considerada com alguma alteração decorrente do fato de terem tido zika na gestação, no entanto, 16% das entrevistadas relataram que não há serviços de saúde que acompanham as crianças. Ainda estão em fase de coleta, os demais dados estatísticos serão analisados a posteriori. A falta de informação tem se mostrado um indicativo de comprometimento dos serviços de saúde. A falta de preenchimento correto dos dados impossibilita a localização da gestante e percebe-se a ausência de vigilância dos mesmos. Há falhas no monitoramento e na vigilância dos casos das gestantes infectadas. Há indicativos de ausência de registros de dados nos bancos de informações de saúde. Essencial intensificar medidas de vigilância em saúde no Estado de MS.

Palavras-chaves:  ZIKA VÍRUS, GESTANTES, INFECÇÕES POR ARBOVIRUS, SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE, VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA