Caracterização molecular de Mycobacterium tuberculosis monorresistente a isoniazida no Rio Grande do Sul |
A isoniazida (INH) é um dos principais fármacos de primeira linha utilizado no tratamento da tuberculose (TB). A monorresistência a INH é uma situação preocupante pois contribui com a falha do tratamento e por ser precursor de MDR-TB (TB multidroga resistente). Frente a isso, este estudo teve como objetivo realizar a caracterização molecular de isolados monorresistentes a INH, de pacientes do estado do Rio Grande do Sul (RS). Foram utilizadas 135 amostras de DNA de Mycobacterium tuberculosis monorresistentes , provenientes de cultura do Laboratório Central do RS, da Secretaria Estadual da Saúde, realizadas a partir de escarros de pacientes atendidos no Hospital Sanatório Partenon, centro de referência do Estado no tratamento de TB resistente, no período de 2010 a 2014. Foram realizadas as técnicas de MIRU-VNTR 24loci e spoligotyping para a genotipagem das linhagens e sequenciamento dos genes kat G e inh A relacionados a resistência a INH. As famílias mais frequentes foram LAM (46,6 %) e Haarlem (24,4%), e com menos expressão as famílias X, Cameroon, Uganda I, New-1, S, EAI. A taxa de cluster foi de 0,6, sendo que o maior cluster agrupava oito isolados com genótipos idênticos pertencentes a família LAM. Um isolado foi caracterizado como M. bovis por MIRU-VNTR e outros quatro isolados não puderam ser genotipados por apresentarem múltiplos alelos amplificados para um mesmo marcador, caracterizando infecção mista. Em relação as mutações, 43 isolados (31,8%) tinham mutação no códon 315 do gene kat G e 22 isolados (16,3%) no nucleotídeo -15 no gene inh A. Outro isolado apresentou uma mutação no gene kat G em uma posição distante do códon 315, sendo encaminhado para sequenciamento de genoma total para maiores esclarecimentos. Apesar de serem caracterizados fenotipicamente como monorresistentes, 60 isolados não apresentaram mutações em kat G ou inh A, indicando envolvimento de outros genes ou mecanismos intrínsecos de resistência, demonstrando a necessidade de estudos para melhor compreensão desses mecanismos. Além disso, nove isolados monorresistentes tornaram-se MDR no decorrer do tempo, desses apenas dois isolados não apresentaram mutação no gene kat G mas eram mutadas em inh A. A resistência a INH é a mais frequente no mundo e o seu controle contribui para a prevenção de casos MDR. Sendo assim, esses dados auxiliam na compreensão da distribuição da TB resistente no estado, contribuindo para as medidas de controle da doença na região e país. |