PESQUISA DE ROTAVÍRUS A EM ANIMAIS SILVESTRES DIARREICOS DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UFPA |
Os rotavírus A (RVA) possuem grande importância na saúde pública mundial, principalmente nos países em desenvolvimento, devido ocasionar diarreia aguda e desidratação em seres humanos e em animais jovens. Os rotavírus (RV) pertencem à família Reoviridae , gênero Rotavirus e possuem 11 segmentos de RNA de fita dupla. Atualmente existem nove espécies (RVA-RVI), sendo que os RVA já foram encontrados em todas as espécies de seres vertebrados. Tendo em vista que animais excretam baixa carga viral de RV, a Reação em Cadeia da Polimerase precedida de Transcrição Reversa em Tempo Real (RT-qPCR) torna-se a técnica mais adequada para a sua detecção, em função da alta sensibilidade analítica do teste, quando comparada à RT-PCR. A presente pesquisa objetivou detectar RVA em três classes de animais silvestres (aves, mamíferos e répteis), oriundos do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Pará (HOVET/UFPA). Foi realizado um estudo descritivo com amostras fecais diarreicas de animais silvestres, realizando a detecção de estirpes vacinais de RVA (G1-G4, G9 e P[8]). Foram coletadas no HOVET 44 amostras de animais silvestres (1 réptil, 16 aves e 27 mamíferos) no ano de 2017. Todas as amostras foram suspendidas em Tris Ca ++ e o material genético foi extraído pelo método do TRIzol ® em laboratório de biossegurança nível 3. Após extração, foi realizada a RT-qPCR para a detecção de RVA, utilizando iniciador para o gene NSP3 e sonda TaqMan ® , empregando o cycle threshold (CT) ≤40, segundo o método de Zeng et al., (2008). Dentre todas as 44 amostras testadas, 5 amostras apresentaram-se positivas para RVA, oriundas de aves das espécies Turdus rufiventris , Turdus sp. , Serinus canarius , Sporophila angolensis e Heterospizias meridionalis , possuindo o CT de 39.1, 34.8, 38.2, 38.5 e 38.5, respectivamente. Apesar de não haver muitos dados epidemiológicos sobre a circulação de RVA em aves, sabe-se que as aves silvestres são reservatório para diversos patógenos zoonóticos de importância em saúde pública e veterinária e devido a sua habilidade de voar, podem atuar na dispersão de RVA, associado à estreita proximidade aos seres humanos. Além disso, os RVA não se replicam muito bem em intestinos de aves, ocasionando a baixa excreção viral, justificando os elevados CT detectados. Contudo, estudos continuados são de suma importância para uma melhor compreensão da transmissão de RVA entre seres humanos e animais, bem como os riscos e prejuízos que este agente pode causar na saúde pública. |