SURTO DE RAIVA HUMANA: AÇÕES DE PREVENÇÃO EM POPULAÇÃO RIBEIRINHA DO ESTADO DO AMAZONAS, DEZEMBRO 2017
LILIAN NOBRE DE MOURA 1, SALOMÃO MARIO CRIMA1, ANDRÉ PERES BARBOSA DE CASTRO1, SHAMYRES TEIXEIRA APARICIO1, JUCILENE AGUIAR MAGALHÃES1, RAIMON PANTOJA DE DEUS1, MARIA DOS SANTOS LEITE ROCHA1, RAIMUNDO BARRETO1, SERGIO MARTINS1, NORMÉLIO RAIMUNDO REINEHR1, ANA CRISTINA RODRIGUES DE CAMPOS1, CRISTIANO FERNANDES COSTA1, WILSON UIEDA1, LIANE SOCORRO SOUZA1, ROSEMARY COSTA PINTO1, BERNARDINO CLÁUDIO ALBUQUERQUE1, MARCELO YOSHITO WADA1
1. EPISUS/CGVS/DEVIT/SVS/MS - Ministério da Saúde, 2. FVS/SESAM/AM - Fundação de Vigilância em Saúde, 3. SMS/BARCELOS/AM - Secretaria Municipal de Saúde de Barcelos, 4. UNESP/BOTUCATU - Departamento de Zoologia, Universidade Estadual Paulista, 5. GT-RAIVA/CGDT/DEVIT/SVS/MS - Ministério da Saúde
lilian.moura@saude.gov.br

Introdução : No Amazonas há 15 anos não havia registro de raiva humana (RH). Após a notificação de três casos de RH em novembro/dezembro de 2017, todos com histórico de espoliações por morcego hematófago (MH) Desmodus rotundus e vínculo familiar numa população ribeirinha de Barcelos/AM desencadearam-se ações para reduzir as espoliações e vacinar a população exposta. Objetivo : Descrever as características da população espoliada por MH e as ações de profilaxia antirrábica. Desenho do estudo : descritivo transversal Método: A área do estudo compreendeu oito comunidades do rio Unini em Barcelos no período de 17 de novembro a 17 dezembro de 2017. Aplicou-se formulário semiestruturado contendo características populacionais, espoliações em humanos esquemas profiláticos de pós-exposição (POS: soro e vacina) em espoliados por MH ou pré (PRE: vacina) em não espoliados. Resultados: Dos 405 moradores entrevistados, 331(81,8%%) relataram espoliação por MH sendo a mediana de espoliações/pessoa de 3,0(1-65) vezes. A prevalência de espoliações por MH foi maior em homens [191 (57,7%)] na faixa etária de 20 a 39 anos [93 (28,1%)] com escolaridade – ensino fundamental incompleto [175 (52,9%)]. A prevalência de agressão foi maior para moradores que vivem em casas de madeira [321(97%)], com frestas que permitem a entrada de MH [295(89,4%)]. Quanto aos hábitos de vida, a prevalência de espoliação é maior nos moradores que dormem dentro de casa [264(79,8%)] indiferente ao hábito de dormir de portas e janelas abertas. Em todas comunidades visitadas havia relato de espoliação por MH sendo a mediana do número de pessoas espoliadas de 15,5 variando de 1 a 58. Em 546 esquemas de profilaxia, 392(71,8%) foram POS, destes 49(12,4%) não receberam soro antirrábico pela falta de médico in loco no dia da vacinação; 154(28,2%) foram PRE. Cinco pessoas não vacinaram devido tratamento para malária e dois por recusa. Discussão: Fatores de risco observados em surtos de raiva humana causados por MH como idade menor de 20 anos; baixa escolaridade; residirem em habitações vulneráveis com livre acesso a animais silvestres foram também observados neste estudo. Conclusão : Os achados mostram que os hábitos de vida, características culturais e socioeconômicas poderiam ter ocasionado um surto de maior proporção caso houvesse maior circulação do vírus rábico.



Palavras-chaves:  vírus da Raiva, vacinas antirrábicas, espoliação por morcego