SURTO DE RAIVA HUMANA: AÇÕES DE PREVENÇÃO EM POPULAÇÃO RIBEIRINHA DO ESTADO DO AMAZONAS, DEZEMBRO 2017 |
Introdução : No Amazonas há 15 anos não havia registro de raiva humana (RH). Após a notificação de três casos de RH em novembro/dezembro de 2017, todos com histórico de espoliações por morcego hematófago (MH) Desmodus rotundus e vínculo familiar numa população ribeirinha de Barcelos/AM desencadearam-se ações para reduzir as espoliações e vacinar a população exposta. Objetivo : Descrever as características da população espoliada por MH e as ações de profilaxia antirrábica. Desenho do estudo : descritivo transversal Método: A área do estudo compreendeu oito comunidades do rio Unini em Barcelos no período de 17 de novembro a 17 dezembro de 2017. Aplicou-se formulário semiestruturado contendo características populacionais, espoliações em humanos esquemas profiláticos de pós-exposição (POS: soro e vacina) em espoliados por MH ou pré (PRE: vacina) em não espoliados. Resultados: Dos 405 moradores entrevistados, 331(81,8%%) relataram espoliação por MH sendo a mediana de espoliações/pessoa de 3,0(1-65) vezes. A prevalência de espoliações por MH foi maior em homens [191 (57,7%)] na faixa etária de 20 a 39 anos [93 (28,1%)] com escolaridade – ensino fundamental incompleto [175 (52,9%)]. A prevalência de agressão foi maior para moradores que vivem em casas de madeira [321(97%)], com frestas que permitem a entrada de MH [295(89,4%)]. Quanto aos hábitos de vida, a prevalência de espoliação é maior nos moradores que dormem dentro de casa [264(79,8%)] indiferente ao hábito de dormir de portas e janelas abertas. Em todas comunidades visitadas havia relato de espoliação por MH sendo a mediana do número de pessoas espoliadas de 15,5 variando de 1 a 58. Em 546 esquemas de profilaxia, 392(71,8%) foram POS, destes 49(12,4%) não receberam soro antirrábico pela falta de médico in loco no dia da vacinação; 154(28,2%) foram PRE. Cinco pessoas não vacinaram devido tratamento para malária e dois por recusa. Discussão: Fatores de risco observados em surtos de raiva humana causados por MH como idade menor de 20 anos; baixa escolaridade; residirem em habitações vulneráveis com livre acesso a animais silvestres foram também observados neste estudo. Conclusão : Os achados mostram que os hábitos de vida, características culturais e socioeconômicas poderiam ter ocasionado um surto de maior proporção caso houvesse maior circulação do vírus rábico. |