RAIVA HUMANA NO BRASIL: UMA ANÁLISE NO PERÍODO DE 2007 A 2017
LILIAN NOBRE DE MOURA 1, ANDRÉ PERES BARBOSA DE CASTRO1, ALEXANDER VARGAS1, MARCELO YOSHITO WADA1, PRISCILA LEAL LEITE1
1. EPISUS/CGVS/DEVIT/SVS/MS - Ministério da Saúde, 2. GT-RAIVA/CGDT/DEVIT/SVS/MS - Ministério da Saúde
lilian.moura@saude.gov.br

Introdução : Raiva é uma encefalite viral aguda causada pelo gênero Lyssavirus, com alta letalidade. No Brasil, morcegos são os principais responsáveis pela manutenção da cadeia silvestre e cães e gatos pela raiva humana (RH). Objetivo : descrever os casos confirmados de RH no Brasil, entre 2007 a 2017. Desenho do estudo : Estudo descritivo de série de casos confirmados de RH registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Método: utilizou-se a definição de caso confirmado do Guia de Vigilância em Saúde e realizada verificação manual de duplicidades e inconsistências. Resultados: Dos 1.053 registros, 28(2,7%) foram confirmados, 866(82,2%) descartados e 159(15,1%) não apresentam classificação final ou classificados como confirmado, mas sem critério laboratorial ou vínculo epidemiológico.  Dos confirmados, 22 eram homens com mediana da idade de 23(15,5–36,5) anos. Dos casos confirmados, 27(96,4%) foram por critério laboratorial e um (3,6%) por clínico-epidemiológico. A principal espécie agressora foi a canina [12(42,9%)] e a mordedura [21(75,0%)] foi a exposição principal. A região nordeste concentrou maior número de casos com 18(64,3%) e 15(53,6%) ocorreram na zona urbana. A variante viral de Desmodus rotundus ocorreu em sete casos, sendo três por spillover em felinos. Discussão: Apesar da raiva ser imunoprevinível continua acometendo pessoas no Brasil. O Nordeste teve maior frequência, semelhante aos estudos realizados entre 1980 a 2012 com 54,1% dos casos. A detecção do vírus é essencial pois permite confirmar o agravo e identificar a variante, entretanto apenas 25% dos casos confirmados tem a tipificação genética, sugerindo que essas informações não são preenchidas. A maior incidência de agressões ocorreu em adultos jovens divergindo da literatura, que aponta maior incidência em crianças entre cinco a 14 anos. A principal espécie agressora canina se assemelha ao descrito na literatura, entretanto, devido ao spillover em felinos com transmissão secundária para humanos  somado aos casos decorrentes de espoliações, o morcego hematófago ganha importância no cenário do agravo urbano e torna-se um desafio para a saúde pública. Conclusão: Sensibilizar a população sobre a doença e orientar os profissionais sobre a importância da completitude das informações para que a vigilância deste agravo possa ser feita de forma eficaz e oportuna.



Palavras-chaves:  diagnóstico laboratorial, série de casos, raiva humana