NEUTRÓFILOS DE SANGUE PERIFÉRICO DE PACIENTES COM A FORMA CARDÍACA DA DOENÇA DE CHAGAS APRESENTAM CAPACIDADE REDUZIDA DE DESGRANULAR |
A Doença de Chagas (DC) é um problema de saúde pública na América Latina. Na forma crônica da mesma, cerca de 30% dos pacientes desenvolvem cardiopatia crônica com arritmia, cardiomegalia progressiva, eventos tromboembólicos e insuficiência cardíaca. Esses sintomas sugerem uma persistente associação com a presença de infiltrado inflamatório e a destruição celular e tecidual do músculo cardíaco. Apesar disso, poucos estudos avaliando o papel de células inflamatórias como os neutrófilos, na patologia da DC, têm sido realizados. O objetivo desse trabalho foi avaliar o processo de desgranulação de neutrófilos, de sangue periférico de pacientes com as formas clínicas Indeterminada e Cardíaca da DC, a fim de entender a contribuição dessas células para o estabelecimento das formas clínicas dessa doença. O antígeno solúvel do t. cruzi foi obtido por meio de cultura da cepa Y em meio LIT; a avaliação da desgranulação de neutrófilos, de sangue periférico de pacientes com a DC, nas formas clínicas Indeterminada (n=4) e Cardíaca (n=5), estimulados com fMLP e/ou com o estímulo solúvel do t. cruzi , foi realizada por meio da atividade da enzima elastase. Neutrófilos, de pacientes com a forma clínica Indeterminada, apresentaram perfil de desgranulação semelhante aos neutrófilos de indivíduos saudáveis. Por sua vez, neutrófilos de pacientes com a forma clínica cardíaca, tiveram uma redução de 60% na capacidade de desgranular, quando comparado aos neutrófilos dos grupos anteriores (p<0,05). Neutrófilos de pacientes, com a forma clínica cardíaca da DC, possuem uma menor capacidade de desgranular. Esse achado pode ser importante para o entendimento do papel dessas células no estabelecimento dos estágios clínicos da DC, podendo contribuir para o melhor prognóstico da mesma. |