DIVERSIDADE GENÉTICA DO VÍRUS INFLUENZA A NO BRASIL DURANTE O PERÍODO DE 2009 A 2016
PRISCILA SILVA BORN 1,2, CAROLINA MOREIRA BLANCO1,2, FERNANDO COUTO MOTTA1,2, PAOLA CRISTINA RESENDE1,2, MARILDA MENDONÇA SIQUEIRA1,2
1. LVRS/IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo (LVRS) - Centro Nacional de Influenza, IOC / Fiocruz, 2. PGMT/IOC/FIOCRUZ - Pós-graduação em Medicina Tropical, IOC / Fiocruz
priscilaborn@yahoo.com.br

Os vírus influenza estão em constante evolução e à medida que novas mutações são incorporadas na glicoproteína da hemaglutinina (HA), esta não é mais reconhecida pelos anticorpos estabelecidos e novas cepas com potencial epidêmico surgem na comunidade. Este estudo tem como objetivo investigar a diversidade genética viral, cocirculação e persistência de grupos genéticos dos vírus influenza A circulantes no Brasil, no período de 1º de maio de 2009 a 30 de abril de 2017 e a correlação com as cepas vacinais. Sequências do gene da HA foram obtidas no nosso laboratório e no banco de dados específico para os vírus influenza, GISAID/OMS. Um total de 1060 sequências brasileiras da porção HA1 de influenza A/H1N1pdm09 e 457 sequências de A/H3N2 foram analisadas com cepas de referência. Para analisar os grupos genéticos, as sequências nucleotídicas foram alinhadas e traduzidas para aminoácidos e então comparadas com as cepas vacinais. As árvores filogenéticas de Máxima Verossimilhança foram reconstruídas e os grupos genéticos classificados de acordo com mutações consideradas assinaturas para esses grupos. As sequências brasileiras foram agrupadas em 14 (H3N2) e 11 (H1N1pdm09) grupos genéticos diferentes de acordo com as substituições de aminoácidos. Com a maioria dessas mutações localizadas em regiões dos epítopos neutralizantes. Foi possível observar a cocirculação de até cinco grupos genéticos em um mesmo período para ambos os subtipos. Verificamos ainda a persistência na circulação, por pelo menos dois períodos de outono-inverno, de sete grupos genéticos para o subtipo H1N1pdm09 e seis grupos para o subtipo H3N2. Além disso, observamos neste estudo um padrão diferenciado para os vírus influenza A. Enquanto que os grupos genéticos dos vírus H1N1pdm09 foram detectados em 63,3% dos casos pela primeira vez nas estações de outono-inverno, os grupos genéticos do subtipo H3N2 foram inicialmente detectados em 71,43% das vezes nas estações de primavera-verão. Esse dado ressalta a importância da continua vigilância virológica nos períodos de baixa circulação viral. Mutações genéticas em regiões específicas da HA podem levar a importantes alterações antigênicas no vírus, podendo levar a diminuição da eficácia da vacina. Desse modo, a vigilância dos grupos genéticos circulantes e o entendimento sobre o perfil de circulação é imprescindível para otimizar a escolha das cepas candidatas a compor a vacina anual anti-influenza.



Palavras-chaves:  Influenza A, Hemaglutinina, Diversidade genética, Vacina