ANÁLISE ESPACIAL E DETERMINANTES DA AIDS EM CRIANÇAS NO MUNICÍPIO DE RECIFE
BRUNO FELIPE NOVAES DE SOUZA 1, ELIANE ROLIM DE HOLANDA1, MARLI TERESINHA GIMENIZ GALVÃO1
1. UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, 2. UFC - Universidade Federal do Ceará
BRUNO-NOVAES@HOTMAIL.COM

Introdução: A aids é um agravo de notificação compulsória com grande impacto na saúde pública. Sua transição epidemiológica apresenta um crescimento no número de casos em mulheres, em que a transmissão vertical mostra-se como principal via de infecção em crianças. O enfrentamento à doença não depende de uma intervenção isolada, sendo necessário investigar quais determinantes associam-se à aids para combatê-la.  Objetivo: Analisar a distribuição e risco espacial da aids em crianças do Recife-PE e sua relação com indicadores clínicos e sociais. Desenho do estudo: Ecológico. Método: Estudo realizado com casos de crianças menores de 13 anos com aids, notificados no SINAN no período de 2001 a 2011. As taxas de incidência foram suavizadas pelo método de Freeman-Tukey. Na construção dos indicadores utilizou-se dados do SIM, SINASC e Censo 2010. A autocorrelação espacial foi avaliada pelo índice de Moran e a identificação do padrão espacial com BoxMap, LISAMap e MoranMap. Para testar correlações entre taxas de incidência com variáveis independentes, realizou-se análise bivariada por meio do cálculo do coeficiente de correlação linear de Pearson. Fixou-se nível de significância em 5%. Resultados: Verificou-se autocorrelação espacial da aids pediátrica em Recife (p=0,043), identificando aglomerados de alta incidência para ocorrência de aids pediátrica nos bairros Recife, São José e Santo Amaro. Foi detectada correlação significante com indicadores clínicos e sociais como: domicílios sem esgotamento sanitário e coleta de lixo; gestantes sem pré-natal e recém-nascidos vivos expostos ao HIV cuja mãe não fez pré-natal. Discussão: Três bairros revelaram aglomerados de alta incidência para aids em crianças, confirmando que as taxas de infecção materno-infantil diferem a depender do espaço e dos fatores de risco para sua ocorrência, como infraestrutura precária, práticas ilícitas e baixo nível de escolaridade. Além disso, o não acompanhamento pré-natal é encarado como uma fragilidade assistencial que repercute diretamente na endemia da doença à medida em que não é realizada a sorologia e início da imunossupressão. Conclusão: a aids pediátrica se distribui de maneira heterogênea em Recife, ratificando a relação que esta possui com determinantes sociais. A identificação de territórios prioritários mostrou-se útil para nortear intervenções coletivas em saúde que resultem em impactos positivos nos indicadores de incidência da doença.



Palavras-chaves:  Análise Espacial, Saúde da Criança, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida