TENDÊNCIA TEMPORAL DE DIAGNÓSTICO E NOTIFICAÇÃO DA SÍFILIS EM GESTANTE NO DISTRITO SANITÁRIO IV DO RECIFE, 2015-2018 |
A sífilis em gestante representa importante agravo de interesse sanitário, devendo ser uma das prioridades do acompanhamento pré-natal, a fim de evitar a infecção congênita. É amplamente discutido o papel central da atenção primária no enfrentamento da sífilis em gestante, bem como a necessidade do diagnóstico e tratamento em tempo oportuno para o êxito na quebra da cadeia de transmissão vertical da doença. O presente trabalho trata-se de um estudo transversal, de caráter descritivo e tem como objetivo apresentar a tendência temporal de diagnóstico e notificação da sífilis em gestante, de acordo com o trimestre gestacional e nível de atenção à saúde, no Distrito Sanitário IV, no Recife, entre os anos de 2015 e 2018. Utilizando o programa Tab para Windows – TabWin, foram realizadas extrações de notificações referentes ao agravo, com dados completos para os anos de 2015, 2016 e 2017, e dados parciais referentes ao primeiro semestre de 2018. No que diz respeito aos diagnósticos realizados pela atenção básica e secundária, foram obtidos percentuais de 62,85%, 51,8%, 38,8% e 24,2% dos casos sendo detectados por serviços deste nível, nos anos 2015, 2016, 2017 e 2018, respectivamente. Em contrapartida, as taxas de diagnóstico realizados por maternidades e hospitais de alta complexidade foram de 37,14% no ano de 2015, 48,1% em 2016, 61,2% em 2017, chegando a 75,8% no primeiro semestre de 2018. Com relação ao trimestre gestacional de diagnóstico, observou-se distribuição similar entre os anos de 2015 e 2017, com médias de aproximadamente 21% dos casos diagnosticados no primeiro trimestre, 41% no segundo trimestre, 32% no terceiro trimestre e 3% idade gestacional ignorada. Em 2018 foram notadas diferenças nessas tendências, com 1,6% de diagnósticos no primeiro trimestre de gestação, 24,2% no segundo e 69% no terceiro trimestre. É possível observar contínuo declínio nas notificações provenientes dos níveis de atenção básica e especializada, ambientes estes que devem ser prioritários para detecção e tratamento precoce da sífilis em gestante durante o pré-natal. O aumento das notificações advindas das maternidades e hospitais de alta complexidade, associadas ao fato de grande parte destas detecções serem feitas no último trimestre gestacional, sugerem que a maioria destes diagnósticos vêm sendo realizados no período perinatal, eliminando as chances de tratamento apropriado no período gravídico e consequente prevenção da sífilis congênita. |