TUBERCULOSE PERIANAL: DISCUTINDO UMA DOENÇA RARA E DE DIAGNÓSTICO TARDIO
LORENA DE OLIVEIRA CERQUEIRA1, JORGE LUIZ MOREIRA DE LACERDA1, GIVALDO SAMPAIO SANTOS FILHO1, LUIZ OTÁVIO DAL COL BINDA1, MARÍLIA MAJESKI COLOMBO1, DYANNE MOYSES DALCOMUNE1
1. UVV - Universidade Vila Velha
lorena.o.cerqueira@outlook.com

A tuberculose (TB) é uma doença de distribuição global e que afetou 69 mil novas pessoas no Brasil em 2014. O acometimento pulmonar é o mais comum e as formas não pulmonares representam apenas 5% dos casos. A forma perianal tem frequência menor que 1% e em geral cursa com aparecimento de lesão de evolução arrastada pela dificuldade do diagnóstico (dx) precoce. Com isso, ocorrem ulcerações, dor e descarga de secreções, culminando muitas vezes com intervenções cirúrgicas malsucedidas para correção de fístulas e tentativa de recuperar a fisiologia local. Caso: Paciente masculino, 52 anos, HIV negativo, com história de lesão ulcerada, friável, purulenta perianal e de recorrentes fístulas anais há 4 anos. Realizou 2 fistulectomias, com ressurgimento da lesão. O esquema ciprofloxacino + metronidazol não foi eficaz. Em Mar/2017, foi encaminhado ao ambulatório de doença inflamatória intestinal (DII) do Hosp. Dr. Dório Silva (HDDS), com dor em flanco inferior direito, emagrecimento de 6kg em 6 meses e sem alterações do ritmo intestinal. Era tabagista desde os 8 anos e ex-etilista pesado. Negou contato com tuberculosos. Frente à hipótese de Doença de Crohn perianal exclusiva, foram solicitados exames e coleta de amostra da lesão para pesquisa por bacilo álcool-ácido-resistente (BAAR). Diante de valor indeterminado de calprotectina fecal e de uma TC de tórax com opacidades alveolares, levantou-se hipótese de TB. Foi solicitada avaliação da pneumologia. Em Mai/2017, após BAAR positivo, o pneumologista confirmou TB pulmonar ativa com envolvimento perianal e encaminhou o paciente para tratamento em unidade de saúde com esquema RHZE. Em Jan/2018, o paciente retorna após término do tratamento, com resolução completa da lesão perianal e baciloscopias negativas, recebendo alta do ambulatório de gastroenterologia. Há comprovada associação entre TB perianal e HIV, sendo importante investigação clínica ampla. No trato gastrointestinal, as regiões mais acometidas são ileocecal e peritônio. A disseminação é principalmente hematogênica. Embora as manifestações anorretais representem menos de 1% dos casos, suas complicações as confundem com as DII. Diferenciar TB perianal de Doença de Crohn é difícil e necessita avaliação microscópica de biópsia da lesão. O tratamento é clínico e procedimentos cirúrgicos são necessários em caso de fístulas ou abscessos. A TB perianal deve sempre ser considerada como dx diferencial de lesões ulcerativas anais e perianais. 

DII, Fístulas, TB perianal



Palavras-chaves:  Doença Inflamatória Intestinal, Fístulas, Tuberculose perianal