PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS MÃES COM FILHOS DIAGNOSTICADOS COM A SINDROME CONGENITA PELO VIRUS ZIKA |
Os anos de 2015 e 2016 foram marcados pelo aumento do número de casos de microcefalia relacionada à infecção congênita pelo Vírus Zika (ZIKV) no Brasil. Sabe-se que além da infecção pelo vírus Zika, outros fatores podem influenciar o aparecimento de casos de microcefalia e má formação do sistema nervoso central (SNC) no período gestacional, tais como, fatores genéticos, ambientais, dentre eles, o uso de etanol, drogas, produtos teratogênicos, fenilcetonúria, diabetes não controlada, infecção por STORCH (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes simples e HIV) sendo necessário o acompanhamento/investigação no período pré-natal. A finalidade da pesquisa foi descrever o perfil epidemiológico e clínico das mães com filhos com diagnóstico com a Síndrome congênita pelo ZIKV. Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa, desenvolvido no Núcleo de Vigilância Epidemiológica de um hospital universitário da cidade do Recife-PE, unidade de referência estadual no atendimento a crianças com microcefalia. A coleta dos dados foi realizada no mês de agosto de 2016 a partir dos formulários de notificação do FormSUS. Das 180 mães analisadas, 42 (23,33%) possuíam de 20 a 24 anos, 119 (66,11%) receberam o diagnóstico de microcefalia dos seus filhos após o nascimento e 61(33,89%) intra-útero; 150 (83,33%) tiveram seus filhos a termo. Quando perguntadas sobre os sinais e sintomas de arbovírus durante a gestação, 39 (21,67%) das mães apresentaram durante o primeiro trimestre gestacional, 50 (27,78%) apresentaram dor articular, 52 (28,89%) febre e 103 (57,22%) apresentaram exantema. Quanto aos resultados das sorologias para dengue, Zika vírus, Chikungunya, 127 (70,56%) não realizaram, 4 (2,22%) apresentaram resultado positivo para Zika vírus, 1 (0,56%) para Chikungunya. Referente à coinfecção por STORCH, apenas 2 (1,11%) dos recém-nascidos foram coinfectados por sífilis, 2 (1,11%) por citomegalovírus e 1(0,56%) por HIV. O acompanhamento da gestante durante a gravidez e o da criança após o nascimento é de suma importância. Faz-se necessário a investigação da história clínica e genética da gestante, bem como, os sinais e sintomas relacionados à infecção pelo vírus da Zika e o rastreamento para as STORCH. Também é fundamental o apoio biopsicossocial a essas gestantes, visto que, este agravo repercute de forma direta nos aspectos socioeconômicos e na qualidade de vida destas famílias. |