PERFIL DE ACESSO DOS PACIENTES AOS SERVIÇOS DE SAÚDE ESPECIALIZADOS EM TRATAMENTO DA HEPATITE C NO BRASIL. |
Introdução: A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) é um importante problema de saúde pública. No Brasil, há cerca de 1-2 milhões de pessoas infectadas pelo HCV. Apesar do número expressivo, poucos pacientes foram tratados e nem sequer diagnosticados, dada a característica assintomática da infecção crônica. Objetivos: Descrever o cenário epidemiológico dos pacientes com hepatite crônica C em centros de referência no Brasil, a fonte de encaminhamento e o tempo gasto até o acesso aos serviços especializados de saúde, com o objetivo de capturar novos pacientes portadores da infecção. Metodologia: Estudo multicêntrico observacional do tipo transversal realizado em 15 centros das cinco regiões do Brasil. As informações foram colhidas por meio de entrevistas com questionários padronizados e levantamento de dados de prontuários de pacientes com diagnóstico confirmado de Hepatite C (anti-HCV e HCV-RNA positivos). Resultados: No período de estudo foram incluídos 2.000 pacientes, 52% da região Sudeste, a maioria (55,1%) do gênero masculino, com média de idade de 58 anos. Apenas 14,9% tinham ensino superior completo e 84,2% recebiam até cinco salários mínimos por mês. O tempo decorrido entre o diagnóstico e o início do acompanhamento em serviço especializado foi de 22,9 meses; por região, o Sul do país apresentou maior tempo (36,6 meses), e o nordeste/centro-oeste, o menor (15,2 meses). A motivação mais comum para o teste foi o check-up (33,2%). A especialidade mais comumente envolvida no diagnóstico foi a de clínico geral (30,1%). O genótipo 1b foi o mais prevalente (32,8%). A determinação do grau de fibrose foi feita na maioria pela biópsia (61,5%) e 31,3% eram cirróticos. Conclusões: O estudo demonstra que o tempo médio até o acompanhamento dos portadores de hepatite C em um serviço especializado é de quase dois anos. Esse tempo pode ser a diferença entre uma doença de boa evolução e o surgimento de cirrose e suas complicações. A saúde primária ganha destaque importante, pois tais médicos foram os que, na grande maioria, elucidaram o diagnóstico. Campanhas de cunho populacional e médico devem ser incentivadas para que o rastreamento de indivíduos assintomáticos seja intensificado, haja vista a eficiência dos exames tipo check-up no diagnóstico de novos pacientes. |