PERFIL DE ACESSO DOS PACIENTES AOS SERVIÇOS DE SAÚDE ESPECIALIZADOS EM TRATAMENTO DA HEPATITE C NO BRASIL.
LUIZ HENRIQUE CORRÊA PORTARI FILHO 1, MÁRIO REIS ÁLVARES DA SILVA1, ALINE GONZALEZ1, ADALGISA DE SOUZA PAIVA FERREIRA1, CRISTIANE ALVES VILLELA NOGUEIRA1, MARIA CASSIA JACINTHO MENDES CORREA1, JOSE MILTON CASTRO LIMA1, EDMUNDO PESSOA ALMEIDA LOPES1, CARLOS EDUARDO BRANDÃO MELLO1, CLAUDIA ALEXANDRA PONTES IVANTES1, ANDRÉ CASTRO LYRA1, ANDREA LINDEMBERG1, MARIA LUCIA GOMES FERRAZ1
1. EPM - UNIFESP - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, 2. UNIRIO - Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, 3. UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 4. UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, 5. UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 6. UFMA - Universidade Federal do Maranhão, 7. UFC - Universidade Federal do Ceará, 8. HSR - Hospital São Rafael - Monte Tabor, 9. SMS - Centro de Orientação e Aconselhamento, 10. FMUSP - Laboratorio de Investigação Médica - Faculdade Medicina USP
luizhcportari@gmail.com

Introdução: A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) é um importante problema de saúde pública. No Brasil, há cerca de 1-2 milhões de pessoas infectadas pelo HCV. Apesar do número expressivo, poucos pacientes foram tratados e nem sequer diagnosticados, dada a característica assintomática da infecção crônica. Objetivos: Descrever o cenário epidemiológico dos pacientes com hepatite crônica C em centros de referência no Brasil, a fonte de encaminhamento e o tempo gasto até o acesso aos serviços especializados de saúde, com o objetivo de capturar novos pacientes portadores da infecção. Metodologia: Estudo multicêntrico observacional do tipo transversal realizado em 15 centros das cinco regiões do Brasil. As informações foram colhidas por meio de entrevistas com questionários padronizados e levantamento de dados de prontuários de pacientes com diagnóstico confirmado de Hepatite C (anti-HCV e HCV-RNA positivos). Resultados: No período de estudo foram incluídos 2.000 pacientes, 52% da região Sudeste, a maioria (55,1%) do gênero masculino, com média de idade de 58 anos. Apenas 14,9% tinham ensino superior completo e 84,2% recebiam até cinco salários mínimos por mês. O tempo decorrido entre o diagnóstico e o início do acompanhamento em serviço especializado foi de 22,9 meses; por região, o Sul do país apresentou maior tempo (36,6 meses), e o nordeste/centro-oeste, o menor (15,2 meses). A motivação mais comum para o teste foi o check-up (33,2%). A especialidade mais comumente envolvida no diagnóstico foi a de clínico geral (30,1%). O genótipo 1b foi o mais prevalente (32,8%). A determinação do grau de fibrose foi feita na maioria pela biópsia (61,5%) e 31,3% eram cirróticos. Conclusões: O estudo demonstra que o tempo médio até o acompanhamento dos portadores de hepatite C em um serviço especializado é de quase dois anos. Esse tempo pode ser a diferença entre uma doença de boa evolução e o surgimento de cirrose e suas complicações. A saúde primária ganha destaque importante, pois tais médicos foram os que, na grande maioria, elucidaram o diagnóstico. Campanhas de cunho populacional e médico devem ser incentivadas para que o rastreamento de indivíduos assintomáticos seja intensificado, haja vista a eficiência dos exames tipo check-up no diagnóstico de novos pacientes.



Palavras-chaves:  Características da população, Epidemiologia, Hepatite C