Correlação entre concentração mínima inibitória de ofloxacina e mutações no gene gyrA em isolados multirresistentes de mycobacterium tuberculosis na população gaúcha
BRUNO PRAETZEL1, RICHARD STEINER SALVATO 1, SUN SCHIEFELBEIN1, PEDRO EDUARDO ALMEIDA DA SILVA1, MARTA OSORIO RIBEIRO1, MARIA LUCIA ROSSETTI1, ELIS REGINA DALLA COSTA1
1. UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, 2. PPG BIOSAÚDE ULBRA - Programa de Pós Graduação em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde - Universidade Luterana do Brasil, 3. CDCT-RS - Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Rio Grande do Sul , 4. FURG - Universidade Federal do Rio Grande, 5. LACEN-RS - Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul, 6. UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
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A tuberculose (TB) e a resistência a múltiplos fármacos utilizados no tratamento são atualmente uma emergência em saúde pública mundial. As fluoroquinolonas são fármacos utilizados no tratamento da TB multirresistente (TB-MDR) e a resistência a esses fármacos demonstrou ser um dos fatores mais importantes na falha no tratamento e consequente evolução para casos de TB extensivamente droga resistente (TB-XDR). O estudo objetiva correlacionar a frequência de mutações na Região Determinante de Resistência a Fluoroquinolonas (QRDR) do gene gyrA com a concentração mínima inibitória (MIC) para ofloxacina. Foram utilizados 98 isolados de Mycobacterium tuberculosis MDR, obtidos no Laboratório Central do Rio Grande do Sul, provenientes de pacientes atendidos no Hospital Sanatório Partenon (centro de referência do Estado), nos anos de 2013 e 2014. O sequenciamento do gene gyrA foi realizado conforme descrito por Rodwell et al. (2013) e a análise fenotípica de resistência foi realizada por meio do teste de MIC conforme descrito por Palomino et al. (2002). Dos 98 isolados analisados, 96,9 % possuíam mutação no códon 95 (AGC – ACC), mutação fora da QRDR, e sabidamente não causadora de resistência. A resistência fenotípica, (MIC maior que 4 ug/ml) foi detectada em cinco isolados. Destes, três possuíam mutação no códon 94 (GAC-TAC e GAC-AAC), um isolado possuía mutação no códon 88 (GGC-TGC) e um isolado não possuía mutação na QRDR, somente a do códon 95. A resistência fenotípica a Ofloxacina foi de 5,1% e 80% dos isolados com resistência fenotípica tinham mutação na QRDR de gyrA , seguindo a frequência de outros estudos semelhantes. A presença de isolados fenotipicamente resistentes, sem a presença de mutação na QRDR de gyrA é bem descrita por outros autores, uma vez que mutações no gene gyrB , não analisado até o momento em nosso estudo, também contribuem para resistência as fluoroquinolonas. Existem ainda outras mutações pouco elucidadas com potencial de causar resistência, além de mecanismos intrínsecos da micobactéria. Nossos resultados são parciais e as perspectivas são de analisar gene gyrB , bem como aumentar o número amostral. Conhecer o perfil de resistência às fluoroquinolonas permite acompanhar possíveis casos de evolução de resistência TB-MDR para TB-XDR.



Palavras-chaves:  TUBERCULOSE, RESISTÊNCIA, FLUOROQUINOLONAS, OFLOXACINA