PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA TUBERCULOSE RESISTENTE NO RIO GRANDE DO SUL
RICHARD STEINER SALVATO 1,2, SUN SCHIEFELBEIN1,2, BRUNO PRAETZEL1,2, GRAZIELE BELLO1,2, ELIS REGINA DALLA COSTA1,2, MARTA OSORIO RIBEIRO1,2, GISELA UNIS1,2, CLAUDIA DIAS1,2, MARIA LUCIA ROSSETTI1,2
1. PPG BIOSAÚDE ULBRA - Programa de Pós Graduação em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde - Universidade Luterana do Brasil, 2. CDCT-RS - Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Rio Grande do Sul , 3. UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, 4. UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 5. LACEN-RS - Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul, 6. HSP - Hospital Sanatório Partenon
richardsalvato@hotmail.com

A tuberculose droga resistente (TB-DR) é um grave problema de saúde pública mundial, acentuado em países subdesenvolvidos e emergentes . Objetivando conhecer o perfil clínico-epidemiológico dos casos de TB-DR no Rio Grande do Sul (RS), foram avaliados 253 pacientes do período de 2010 a 2014, atendidos no Hospital Sanatório Partenon, centro de referência do estado, e com o teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA) realizados no Laboratório Central do Estado (LACEN-RS). Características sociodemográficas, padrão de resistência, informações e evoluções clínicas e distribuição espacial dos casos foram coletados no SITE-TB e analisados com os resultados de TSA. A maior parte dos pacientes eram homens (75%), brancos (65%), com idade entre 30 e 39 anos (27%) e ensino fundamental incompleto (43%). A população privada de liberdade representou 13% do total de pacientes no período. A maior parte (89%) eram casos novos da doença e predominou o tipo pulmonar bilateral cavitária da TB (58%). Na primeira baciloscopia a maior parte dos pacientes (43%) tiveram resultado positivo (+++), na primeira cultura de escarro esse resultado também foi o mais frequente (31%). Dentre os fatores de risco, a coinfecção TB-HIV foi presente em 26% dos pacientes, 35% eram usuários de drogas ilícitas, 35% tabagistas e 30% alcoolistas. Quanto as comorbidades 23% possuíam AIDS, 8% diabetes mellitus e 7% alguma hepatite viral. O desfecho de 34% foi a cura da doença e 29% foram encerrados por abandono. O padrão de resistência mais frequente no início do tratamento foi a multirresistência (68%), já ao final do tratamento 74% do total eram multirresistentes. Dos 253 isolados analisados, 99% eram resistentes a isoniazida, 72% a rifampicina, 16% a etambutol e 9% a estreptomicina. Na distribuição espacial a maioria dos casos (44%) localizavam-se na capital Porto Alegre, seguida da sua região metropolitana (38%). Do total de pacientes avaliados, 10% tinham como endereço cadastrado instituições prisionais. Nossos dados demonstram elevado índice de abandono ao tratamento, o que pode colaborar para aquisição de resistência a outros fármacos utilizados no esquema terapêutico, considerando que a maior parte dos casos avaliados eram multirresistentes, a evolução destes para TB extensivamente resistente é uma grave possibilidade. A compreensão do cenário clínico-epidemiológico vinculado a caracterização molecular dos casos contribui como uma ferramenta eficaz no direcionamento do combate a TBDR.



Palavras-chaves:  TUBERCULOSE, EPIDEMIOLOGIA, RESISTÊNCIA