PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA TUBERCULOSE RESISTENTE NO RIO GRANDE DO SUL |
A tuberculose droga resistente (TB-DR) é um grave problema de saúde pública mundial, acentuado em países subdesenvolvidos e emergentes . Objetivando conhecer o perfil clínico-epidemiológico dos casos de TB-DR no Rio Grande do Sul (RS), foram avaliados 253 pacientes do período de 2010 a 2014, atendidos no Hospital Sanatório Partenon, centro de referência do estado, e com o teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA) realizados no Laboratório Central do Estado (LACEN-RS). Características sociodemográficas, padrão de resistência, informações e evoluções clínicas e distribuição espacial dos casos foram coletados no SITE-TB e analisados com os resultados de TSA. A maior parte dos pacientes eram homens (75%), brancos (65%), com idade entre 30 e 39 anos (27%) e ensino fundamental incompleto (43%). A população privada de liberdade representou 13% do total de pacientes no período. A maior parte (89%) eram casos novos da doença e predominou o tipo pulmonar bilateral cavitária da TB (58%). Na primeira baciloscopia a maior parte dos pacientes (43%) tiveram resultado positivo (+++), na primeira cultura de escarro esse resultado também foi o mais frequente (31%). Dentre os fatores de risco, a coinfecção TB-HIV foi presente em 26% dos pacientes, 35% eram usuários de drogas ilícitas, 35% tabagistas e 30% alcoolistas. Quanto as comorbidades 23% possuíam AIDS, 8% diabetes mellitus e 7% alguma hepatite viral. O desfecho de 34% foi a cura da doença e 29% foram encerrados por abandono. O padrão de resistência mais frequente no início do tratamento foi a multirresistência (68%), já ao final do tratamento 74% do total eram multirresistentes. Dos 253 isolados analisados, 99% eram resistentes a isoniazida, 72% a rifampicina, 16% a etambutol e 9% a estreptomicina. Na distribuição espacial a maioria dos casos (44%) localizavam-se na capital Porto Alegre, seguida da sua região metropolitana (38%). Do total de pacientes avaliados, 10% tinham como endereço cadastrado instituições prisionais. Nossos dados demonstram elevado índice de abandono ao tratamento, o que pode colaborar para aquisição de resistência a outros fármacos utilizados no esquema terapêutico, considerando que a maior parte dos casos avaliados eram multirresistentes, a evolução destes para TB extensivamente resistente é uma grave possibilidade. A compreensão do cenário clínico-epidemiológico vinculado a caracterização molecular dos casos contribui como uma ferramenta eficaz no direcionamento do combate a TBDR. |