DIVERSIDADE GENÉTICA DA TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE NO RIO GRANDE DO SUL |
A tuberculose (TB) é a principal causa de morte no mundo dentre as doenças causadas por um único agente infeccioso, e a resistência a múltiplos fármacos utilizados no tratamento ameaçam o controle da doença. O estudo teve como objetivo realizar a caracterização molecular da TB multirresistente (TB-MDR) no estado do Rio Grande do Sul (RS). Foram utilizadas 131 amostras de DNA de Mycobacterium tuberculosis , provenientes de culturas do Laboratório Central do RS, da Secretaria Estadual da Saúde de pacientes atendidos no centro de referência do Estado, o Hospital Sanatório Partenon, nos anos de 2013 e 2014. Para genotipagem da linhagem dos isolados, foram realizadas as técnicas de spoligotyping, MIRU-VNTR 24locus e análise da sublinhagem RDrio. Para identificação de mutações associadas a resistência a rifampicina e isoniazida, foram sequenciados os genes katG, inhA e rpoB . As famílias mais frequentes nos 131 isolados avaliados foram LAM (65,6%) e Haarlem (22,1%), destaca-se a presença significativa (9,9%) de isolados previamente caracterizados como Mycobacterium pinnipedi2 através de spoligotyping e caracterizados como LAM na análise combinada de MIRU-VNTR e spoligotyping . Apesar dos 131 isolados serem MDR de acordo com o teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA), 8/131 não apresentaram mutações nos genes inhA , katG ou rpoB . A maioria dos nossos isolados (30%) tinham concomitantemente mutações no códon S531L do gene rpoB , mutações no códon S315T do gene katG e não apresentavam mutações na região promotora do gene inhA . Outros 27/131 (20%) tinham as mesmas mutações nos genes rpoB e katG , mas com uma mutação de troca C-T na posição -15 da região promotora do gene inhA . Encontramos a presença de uma inserção de 12 nucleotídeos pouco frequente e pouco descrita até então, entre os códons 516 e 517 do gene rpoB em 19/131 isolados, a maioria pertencente as famílias LAM e Haarlem. Essa inserção possivelmente diminui a interação da rifampicina com seu alvo a RNA polimerase, causando resistência ao fármaco. São necessários mais estudos para determinar a frequência da inserção de 12 nucleotídeos no gene rpoB no estado e outras regiões, bem como suas implicações na resistência a fármacos utilizados no tratamento. A caracterização molecular dos isolados possibilita compreender a dinâmica de transmissão e evolução da TB-MDR na região. |