DIVERSIDADE GENÉTICA DA TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE NO RIO GRANDE DO SUL
RICHARD STEINER SALVATO1,2, SUN SCHIEFELBEIN1,2, BRUNO PRAETZEL1,2, ISAIAS SAIKOSKI ANUSCA1,2, LEONARDO SOUZA ESTEVES1,2, ELIS REGINA DALLA COSTA1,2, MARTA OSORIO RIBEIRO1,2, MARIA LUCIA ROSSETTI1,2
1. PPG BIOSAÚDE ULBRA - Programa de Pós Graduação em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde - Universidade Luterana do Brasil, 2. CDCT-RS - Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Rio Grande do Sul , 3. UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, 4. UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 5. LACEN-RS - Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul
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A tuberculose (TB) é a principal causa de morte no mundo dentre as doenças causadas por um único agente infeccioso, e a resistência a múltiplos fármacos utilizados no tratamento ameaçam o controle da doença. O estudo teve como objetivo realizar a caracterização molecular da TB multirresistente (TB-MDR) no estado do Rio Grande do Sul (RS). Foram utilizadas 131 amostras de DNA de Mycobacterium tuberculosis , provenientes de culturas do Laboratório Central do RS, da Secretaria Estadual da Saúde de pacientes atendidos no centro de referência do Estado, o Hospital Sanatório Partenon, nos anos de 2013 e 2014. Para genotipagem da linhagem dos isolados, foram realizadas as técnicas de spoligotyping, MIRU-VNTR 24locus e análise da sublinhagem RDrio. Para identificação de mutações associadas a resistência a rifampicina e isoniazida, foram sequenciados os genes katG, inhA e rpoB . As famílias mais frequentes nos 131 isolados avaliados foram LAM (65,6%) e Haarlem (22,1%), destaca-se a presença significativa (9,9%) de isolados previamente caracterizados como Mycobacterium pinnipedi2 através de spoligotyping e caracterizados como LAM na análise combinada de MIRU-VNTR e spoligotyping . Apesar dos 131 isolados serem MDR de acordo com o teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA), 8/131 não apresentaram mutações nos genes inhA , katG ou rpoB . A maioria dos nossos isolados (30%) tinham concomitantemente mutações no códon S531L do gene rpoB , mutações no códon S315T do gene katG e não apresentavam mutações na região promotora do gene inhA . Outros 27/131 (20%) tinham as mesmas mutações nos genes rpoB e katG , mas com uma mutação de troca C-T na posição -15 da região promotora do gene inhA . Encontramos a presença de uma inserção de 12 nucleotídeos pouco frequente e pouco descrita até então, entre os códons 516 e 517 do gene rpoB em 19/131 isolados, a maioria pertencente as famílias LAM e Haarlem. Essa inserção possivelmente diminui a interação da rifampicina com seu alvo a RNA polimerase, causando resistência ao fármaco. São necessários mais estudos para determinar a frequência da inserção de 12 nucleotídeos no gene rpoB no estado e outras regiões, bem como suas implicações na resistência a fármacos utilizados no tratamento. A caracterização molecular dos isolados possibilita compreender a dinâmica de transmissão e evolução da TB-MDR na região. 



Palavras-chaves:  TUBERCULOSE, GENOTIPAGEM, MULTIRRESISTÊNCIA