ZIKA EM MIL DIAS: O OLHAR JORNALÍSTICO PARA A INFÂNCIA NO INTERVALO DE OURO DURANTE E APÓS UMA EPIDEMIA
CINTHYA LEITE 1,2
1. SJCC - Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, 2. IAM - FIOCRUZ PE - Instituto Aggeu Magalhães - Fiocruz Pernambuco
cinthyaleite@casasaudavel.com.br

Introdução: Já se passaram quase 3 anos desde que o Jornal do Commercio, no Recife (PE), anunciou com exclusividade a explosão de casos de recém-nascidos com microcefalia, que se tornou a malformação congênita mais associada ao zika. Muitas dessas crianças já completaram os seus primeiros mil dias de vida, contados desde o primeiro dia de gestação. Objetivos: Analisar e divulgar, para o público em geral, como a infecção pelo zika influencia habilidades cognitivas, comunicativas, motoras e sociais das crianças. Desenho do estudo: Para produção de uma reportagem, foi feita uma pesquisa de caráter descritivo, exploratório e transversal, com delineamento qualitativo. Métodos: Entrevistas foram realizadas em unidades de saúde, no Recife, onde crianças com a síndrome congênita do zika (SCZ) são acompanhadas. Entre os serviços, estão o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e o Centro Especializado em Reabilitação da Fundação Altino Ventura. A amostra foi de 4 crianças, de 1 ano e 4 meses a 2 anos e 6 meses, com diagnóstico de SCZ, além de 6 médicos. Foram utilizados roteiros de caracterização do corpus e de entrevista semiestruturada. Os relatos foram analisados de acordo com a técnica qualitativa, que explora um tema a partir de percepções e experiências de entrevistados. Emergiram 4 categorias (sociabilidade, audição, visão e coordenação motora) que permitiram compreender como o zika influencia habilidades cognitivas, comunicativas, motoras e sociais das crianças com a SCZ. Resultados principais: Foi publicada, no Jornal do Commercio e no JC Online (www.jc.com.br/zikaemmildias), uma série de reportagens, de 13 de março de 2018 a 19 de março de 2018, intitulada Zika em Mil Dias. Discussões: O material foi inspirado na máxima, validada pela pediatria, de que o início da vida pode influenciar todo o restante dela. Esse momento inicial da existência humana é tão importante que a ciência reconhece os primeiros mil dias de vida como um intervalo de ouro, com poder para ditar o destino da criança em termos biológicos (crescimento e desenvolvimento) e em questões intelectuais e sociais. Conclusões: Alcançados os primeiros mil dias de vida das crianças com SCZ, profissionais de saúde e famílias apreciam o potencial infantil e a forma como a infecção pelo vírus, ocorrida na gestação, tem impactado a saúde global, com desfechos que podem ser sentidos ao longo da infância e de anos futuros.



Palavras-chaves:  arboviroses, desenvolvimento infantil, microcefalia, pediatria, zika