PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS NOTIFICADOS DE DOENÇA DE CHAGAS AGUDA (DCA), NA REGIÃO NORTE DO BRASIL, NO PERÍODO DE 2010 A 2016.
LEYLLANE RAFAEL MOREIRA1, KAMILA KÁSSIA DOS SANTOS OLIVEIRA1, MICHELLE DA SILVA BARROS1, DIEGO JOSÉ LIRA TORRES1, TIAGO RIBEIRO DE ARRUDA1, CÍNTIA NASCIMENTO DA COSTA OLIVEIRA1
1. UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, 2. IAM - Instituto Aggeu Magalhães
LEYLLANE.MOREIRA@GMAIL.COM

A Doença de Chagas é um grave problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Atualmente, o número de casos notificados para Doença de Chagas Aguda (DCA) na Região Norte tem se destacado em relação às demais regiões do Brasil. O presente estudo teve como objetivo descrever o perfil epidemiológico dos casos de DCA na região Norte do Brasil, entre os anos de 2010-2016. Dessa forma, foi realizado um estudo transversal descritivo baseado na análise de dados do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) e do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram analisadas as variáveis: sexo, raça, faixa etária, modo provável de infecção e local provável de infecção. Neste estudo foram notificados 1427 casos durante o período analisado (2010-2016). A maioria dos casos notificados foram de homens (n= 793 - 55.57%), de raça parda (n= 1054 - 73.86%), atingindo principalmente a faixa etária dos 20 aos 39 anos (n= 495 – 34.68%), seguido pela de 40 a 59 anos (n= 342 – 23.96%). Em relação a provável forma de infecção, a via oral se destaca com 71.82% (n= 1025) das notificações, e o estado da Região Norte onde ocorreu o maior número de casos de DCA notificados foi o Pará (n= 898 - 62.92%). Quanto ao provável local de infecção, a área domiciliar aparece com 56.62% (n= 808) dos casos notificados. Na região Norte, o grupo mais vulnerável à doença são homens pardos adultos. A infecção via oral, também conhecida como vetorial-oral, representa a maior parte dos casos da DCA no Brasil em decorrência da ingestão de alimentos, à exemplo do açaí, contaminados com o Trypanosoma cruzi . No estudo foi demonstrado que o domicílio é o principal local de contaminação da população, o que pode estar relacionado com o processamento caseiro da fruta. Nesse contexto, a falta de fiscalização dos padrões de processamento e consumo do açaí torna-se um fator preocupante para a saúde pública. Além disso, devido aos sintomas inespecíficos da doença de Chagas e a falta de orientação dos profissionais da atenção básica para a DCA, a taxa de casos subnotificados pode ser consideravelmente maior. Portanto, são necessárias medidas de vigilância epidemiológica mais eficientes, bem como a realização de intervenções e ações de educação em saúde para a comunidade e profissionais da atenção básica, construindo o conhecimento de medicina preventiva e divulgação científica.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Doença de Chagas, Parasitoses