DIVERSIDADE E ABUNDÂNCIA DE MOSQUITOS COLETADOS EM TRANSECTOS DE LARVITRAMPAS EM DIFERENTES AMBIENTES EM UM ASSENTAMENTO RURAL NA AMAZÔNIA |
A oferta de criadouros, seja ele artificial ou natural, influencia na capacidade de reprodução das espécies de mosquitos, e interfere na abundância dos mesmos. Este estudo teve como objetivo, comparar a diversidade e abundância na fauna de mosquitos coletados entre diferentes armadilhas de oviposição em um assentamento rural. Para as coletas foram utilizadas larvitrampas de internódio de bambu, recipiente plástico e pneu. Foram distribuídas 162 larvitrampas entre ambientes com diferentes graus de antropização. Foram realizadas quatro coletas de campo, entre os meses de novembro de 2017, janeiro e fevereiro de 2018. Foram coletados 10.131 imaturos e 20 espécies. A larvitrampa pneu foi a mais efetiva, com 6.195 (61,1%) indivíduos, seguida por internódio de bambu, com 2.593 (25,5%) indivíduos e recipiente plástico, com 1.343 (13,2%) indivíduos. A maior diversidade e equitabilidade de espécies foi na larvitrampa recipiente plástico (H´ = 2,07; J´ = 0,7467), quando comparada com pneu (H´ = 1,741; J´ = 0,6429) e internódio de bambu (H´ = 1,527; J´ = 0,5389). A análise PERMANOVA indicou diferença significativa, quando comparada a diversidade de mosquitos entre as larvitrampas (PERMANOVA pseudo-F=8,84090 p<0,0005). O teste IndVal apontou 10 espécies com potenciais valores de bioindicação, Sabethes tridentatus , Trichoprosopon digitatum , Sa. albiprivus e Orthopodomyia fascipes foram correlacionadas com o internódio de bambu e Toxorhynchites haemorrhoidalis , Culex urichii , Limatus flavisetosus , Li. durhamii , Cx. nigripalpus e Ae. albopictus correlacionados com o pneu. A larvitrampa recipiente plástico não apresentou espécies bioindicadoras. A utilização desses criadouros para a oviposição das fêmeas, em especial nas larvitrampas de pneu e recipiente plástico, pode corresponder a um mero oportunismo ou indicar mudanças de hábitos de oviposição. A sobrevivência dessas larvas em tais larvitrampas pode indicar plasticidade em colonizar também criadouros artificiais. Como consequência, essa mudança de comportamento das espécies, incluindo as vetoras, atraídas pela diversidade de criadouros e fontes de repasto sanguíneo do peridomicílio, pode aumentar o contato homem-vetor e possibitar ainda a circulação de doenças tipicamente florestais veiculadas por mosquitos, nos ambientes mais antropizados. |