Processo de sinantropização de culicídeos (Diptera: Culicidae) em um assentamento rural na Amazônia Brasileira
JESSICA FEIJO ALMEIDA 1,2, HELIANA HELIANA BELCHIOR1,2, ERIC ERIC MARIALVA1,2, ANTÔNIO ANTÔNIO LEÃO1,2, CLAUDIA CLAUDIA MARÍA RÍOS-VELÁSQUEZ1,2, FELIPE FELIPE PESSOA1,2
1. LEDTA - FIOCRUZ AMAZÔNIA - Laboratório de Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia, Instituto Leônidas e Maria Deane , 2. PPGVIDA - FIOCRUZ AMAZÔNIA - Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia, Instituto Leônidas e Maria Deane, 3. PAIC - FIOCRUZ AMAZÔNIA - Programa de Iniciação Científica do Instituto Leônidas e Maria Deane , 4. PPGBIO - FIOCRUZ AMAZÔNIA - Programa de Pós-Graduação em Biologia da Interação Patógeno-Hospedeiro, Instituto Leônidas e Maria Deane
jessicalmeida1993@gmail.com

Fragmentação de florestas, ocasionada pelo homem, modifica os ecossistemas e altera a composição de espécies local, impactando no ciclo de vida, taxa de reprodução, abundância e riqueza de espécies de mosquitos. Este estudo tem como objetivo avaliar a ocorrência de sinantropização de mosquitos em 02 paisagens com diferentes graus de antropização em um assentamento rural. Para a coleta de mosquitos foram utilizadas ovitrampas, distribuídas entre os ambientes de floresta, borda de floresta e peridomicílio. Estes ambientes foram alocados dentro de duas paisagens, delimitadas com buffers de 200m: uma com Alta Densidade Populacional (>15 moradores) e Alto Desmatamento (>43% área desmatada) (ADenP/ADes) e outra com Baixa Densidade Populacional (<=15 moradores) e Baixo Desmatamento (<=43% área desmatada) (BDenP/BDes). Foram coletados 10.131 imaturos, criados em laboratório até o 4º instar larval ou até adultos, e identificados em 20 espécies em 10 gêneros. A categoria de ADenP/ADes apresentou uma abundância de 5.123 espécimes e riqueza de 19 espécies (H’= 1,93), o ambiente mais abundante foi floresta (2.400 espécimes) e a espécie com maior número de indivíduos foi Culex urichii (1.918). A maior riqueza foi em borda de floresta (17 espécies). A categoria BDenP/BDes apresentou uma abundância de 5.008 espécimes e riqueza de 17 espécies (H’=1,963), sendo a maior abundância encontrada em floresta (1.829 espécimes) e a espécie mais abundante foi Trichoprosopon digitatum (1.627). Os ambientes de floresta e borda de floresta apresentaram riqueza de 15 espécies. O teste de PERMANOVA não mostrou diferença quando comparado as categorias (pseudo-F=0.56451, p>0.7495), no entanto, quando considerados os ambientes floresta, borda de floresta e peridomicílio ocorreu diferença significativa na composição das espécies (pseudo-F=3,22809 p<0,0010). Na análise de IndVal não houve correlação dos mosquitos com as categorias, porém, quando analisados a partir dos ambientes, Cx. urichii apresentou fidelidade e especificidade a floresta e Aedes albopictus e Sabethes tridentatus ao peridomicílio. Observa-se que as espécies de mosquitos exploram tanto os ambientes florestados quanto os de peridomicílio, inclusive espécies tipicamente silvestres, como Sb. chloropterus e Sb. glaucodaemon . Conclui-se que doenças veiculadas por mosquitos silvestres podem circular em domicílios de áreas rurais, já que seus vetores estão se reproduzindo no ambiente peridomiciliar.



Palavras-chaves:  Desmatamento, Mosquitos, Sinantropização