AVALIAÇÃO DE MÉTODOS GENOTÍPICOS NA DETECÇÃO DE HETERORESISTÊNCIA EM PACIENTES COM TUBERCULOSE |
A heteroresistência do Mycobacterium tuberculosis ( M. tuberculosis ) é definida como a coexistência de cepas sensíveis e resistentes aos fármacos em um mesmo paciente e é considerada uma etapa preliminar para a resistência total. O objetivo deste estudo foi avaliar dois métodos genotípicos para detecção da heteroresistência do M. tuberculosis aos fármacos rifampicina e isoniazida e associar com o tratamento e desfechos dos pacientes. Foram incluídos 33 isolados do M. tuberculosis provenientes do estado de Minas Gerais no período de 2009 a 2017, analisados por meio do GenoType MTBDRplus ® (GenoType) e sequenciamento genômico. Essas técnicas detectam mutação na região rpoB , katG e inhA . O GenoType detectou heteroresistência em 27/33 no rpoB , 3/33 no katG e 2/33 no inhA e o sequenciamento 4/33 no rpoB , 4/33 no katG e nenhuma no inhA . Em três isolados os dois testes detectaram heteroresistência no gene rpoB . A heteroresistência na região do gene rpoB não foi detectada por meio do GenoType em um isolado, e o mesmo ocorreu em dois isolados na região do gene katG. Todos os pacientes tiveram algum tratamento prévio para tuberculose (TB), com histórico de abandono ou falência, e foi prescrito esquema de tratamento com fármacos de segunda linha. Os desfechos foram: 17/33 cura, 7/33 em tratamento, 4/33 abandono, 3/33 óbito por TB e 1/33 óbito por não TB. O GenoType apresentou melhor performance que o sequenciamento. Para a heteroresistência ser detectada por meio do sequenciamento é necessária uma proporção de 50% sensíveis + 50% resistentes em uma mesma cepa, enquanto, para ser detectada por meio do GenoType é necessário pelo menos 95% sensíveis + 5% resistentes (na mesma cepa). No entanto, o sequenciamento detecta heteroresistência em regiões genômicas não dectáveis por meio do GenoType. Destaca-se que a heteroresistência está relacionado com o uso inadequado dos fármacos, o que pode resultar em falhas terapêuticas. |