PLANTAS COMO SISTEMA TRADICIONAL DE MEDICINA EM SALINAS MG |
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que um total de 20.000 espécies de plantas superiores sejam utilizadas em todas as partes do mundo para fins medicinais. A resolução 30.43, de 1987, da própria OMS, recomenda, com insistência, aos países em desenvolvimento usarem os sistemas tradicionais de medicina. Sendo assim, este trabalho objetivou resgatar o conhecimento tradicional e uso de plantas medicinais em áreas urbanas da cidade de Salinas-MG. A abordagem consistiu em questionários semi-estruturados aplicados em dois bairros onde foram escolhidas aleatoriamente 200 residências. Através de estatística descritiva foram calculadas as freqüências e as percentagens das informações quantificáveis, com auxílio do programa SPSS®. O grupo amostrado foi composto principalmente por famílias pequenas, 63% das residências possuíam 3 moradores ou menos. As mulheres casadas representaram 41,6% dos entrevistados. A maioria dos entrevistados não concluiu o ensino fundamental sendo que 36,6% era m aposentado s e 29,7% desempregado s . Os idosos representaram 41,6% dos entrevistados. A grande maioria utiliza e acredita na cura por meio de plantas medicinais 86,1%, o conhecimento foi obtido dos antepassados e 66,3% dos entrevistados cultivam plantas medicinais. Em caso de doença, 74,3% afirmaram que recorrem primeiro ao posto médico. Desse modo, a s plantas parecem estar sendo utilizadas como auxiliares no tratamento das enfermidades. Foram citadas 80 espécies em 41 famílias botânicas, destacando-se a Lamiaceae e a Asteraceae. Vale ressaltar que a maioria das espécies destas famílias apresenta compostos secundários com ação antimicrobiana e antiinflamatória, com efeitos comprovados por estudos científicos. As folhas foram mais citadas como parte utilizada na forma de chá, sendo 46% por decocção e 30% por infusão . O maior número de citações de doenças e sintomas foi para o grupo relacionado ao Sistema Respiratório (53%). A espécie mais citada foi Cymbopogon citratus (DC) Stapf. Quando questionados sobre algum efeito adverso das plantas utilizadas, 69,3% desconhecem a existência. Tal resultado evidencia o risco que a população corre uma vez que muitas plantas quando usadas de forma abusiva ou inadequada podem ser tóxicas ou causar diversos efeitos adversos, além de poder interagir com outros medicamentos já utilizados. Sendo evidenciada, portanto, a necessidade real de orientação e informação à comunidade sobre a utilização com segurança das pl antas medicinais. |