LEISHMANIOSE VISCERAL NA MACRORREGIÃO DO VALE DO SÃO FRANCISCO E ARARIPE, PERNAMBUCO – 2001-2015.
ADENIVALDO LIMA FILGUEIRA JÚNIOR1, CARLOS ALBERTO OLIVEIRA FILHO1, DAVI RIOS NASCIMENTO1, MATEUS DE SOUSA RODRIGUES1, CÉSAR AUGUSTO SILVA1
1. UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco
cesar.silva@univasf.edu.br

O Brasil é responsável por 93% dos casos de Leishmaniose Visceral (LV) na América Latina. O Nordeste brasileiro possui a maior incidência desses casos. Esse estudo é observacional descritivo dos casos confirmados de LV humana na Macrorregião de Saúde do Vale do São Francisco e Araripe, Pernambuco. Os dados foram obtidos do sistema TABNET/DATASUS, segundo Macrorregião de Saúde de Residência, no período de 2001 a 2015. Os resultados mostraram que Pernambuco apresentou 1.652 casos confirmados de LV no período. Desses, 43% (n=709) foram diagnosticados na Macrorregião de Saúde do Vale do São Francisco e Araripe, onde a infecção atingiu todas as faixas etárias: < 1 ano (5%), 1-9 (46,7%), 10-19 (11,5%), 20-39 (20,5%), 40-59 (11,3%) e > 59 (5%). No primeiro ano de vida a criança tende a ser mais cuidada, na primeira infância ocorre maior exposição ambiental e, provavelmente, desenvolvimento de imunidade para a adolescência; na segunda década de vida, início das atividades laborais, ocorre novo pico de exposição ambiental e possível readaptação imunológica para os anos subsequentes. A doença predominou em homens (62,8%), essa diferença em relação às mulheres, provavelmente, é relacionada à maior exposição ao vetor do parasita durante atividades laborais. De 2001 a 2013, analogamente ao Estado, houve um padrão de comportamento no número de casos de LV na Macrorregião, oscilando de 30 (2002) a 57 casos (2005). Contudo, de 2013 (n=42) para 2014 (n=96) houve aumento (128%) dos casos na Macrorregião, que se mostrou idêntico de 2013 para 2015 (n= 91, 117%). Esse padrão acompanhou a tendência epidemiológica do Estado, que registrou aumento de 2013 para 2014 (143%) e de 2013 para 2015 (150%). Isso sugere que, provavelmente, nesses anos, a doença esteve em descontrole tanto na Macrorregião quanto no Estado e que o aparente equilíbrio de 2001 a 2013 pode ter reduzido a vigilância da doença. Deve ser considerado ainda que possíveis ocupações em áreas ainda não habitadas tenham acentuado o aparecimento de novos casos. No período de 2001 a 2013, a subnotificação ou subdiagnóstico também pode ter contribuído para esse padrão. Desta forma, a redução das políticas de controle e/ou o aumento do diagnóstico pelo maior acesso aos serviços de saúde podem explicar os picos de 2014 a 2015, tanto no Estado quanto na Macrorregião. Os números revelam necessidade de análise do impacto das estratégias de controle, a fim de barrar a expansão da doença e reduzir prejuízos à saúde da população.



Palavras-chaves:  Leishmaniose visceral, Doença negligenciada, Pernambuco, Petrolina