DOENÇA DE CHAGAS AGUDA NO PARÁ:UMA ANÁLISE DOS ÚLTIMOS 10 ANOS (2008-2017) |
A Doença de Chagas Aguda (DCA), provocada pelo protozoário Trypanosoma cruzi acomete milhões de pessoas em todo mundo. No Brasil, sobretudo na Região Norte, a transmissão vetorial-oral por consumo de açaí, está entre a mais frequente. A ineficiência de vigilância epidemiológica no processamento industrial desses alimentos contribui para o aumento na notificação dos casos de DCA. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi analisar os casos de DCA notificados no estado do Pará, nos últimos 10 anos (2008-2017). Para tanto, foi realizado um estudo transversal descritivo baseado na análise de dados do Sistema de Notificação de Agravos de Notificação (SINAN) e do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Informações sobre os territórios do estado foram colhidas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram analisadas as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, local de provável infecção, modo de provável infecção, zona de residência e microrregião. Neste estudo, foram notificados 1.820 casos durante o período analisado (2008-2017). A faixa etária de 20 à 39 anos foi a mais acometida com 33,3% dos casos (n=606) seguida da faixa etária de 40 a 59 anos que apresentou 23,8% (n=433). A maior casuística foi composta pelo sexo masculino (n=980; 53,20%). Indivíduos entre 40 e 59 anos apresentaram taxa de incidência de 29,81 casos/100.000 hab. A região domiciliar teve a maior incidência de provável local de infecção com 59% (n=1077) dos dados coletados, especificamente na área urbana (n=923; 50,71%). Quanto ao modo provável de infecção, a via vetorial-oral apresentou o maior número de casos notificados (n=1.334; 73,30%). Dentre os municípios do estado do Pará, a capital Belém, apresentou os maiores índices de casos notificados no período analisado (n=748; 41,09%) seguido do município de Cametá (n=479; 26,31%). Esses dados sugerem que homens com idade laboral que vivem em Belém e região metropolitana estão sob condições de risco à infecção pelo T. cruzi . Dessa maneira, fica evidente a necessidade de maior controle no processamento industrial do açaí até a chegada ao consumidor final, bem como, a promoção de medidas de educação permanente em saúde para a população e profissionais de saúde, que conjuntamente contribuirão para redução dos casos de infecção pelo T. cruzi . |