Caracterização bioquímica, funcional e molecular da α-fucosidase de Rhodnius prolixus
MAIARA DO VALLE FARIA GAMA 1, CAROLINE DA SILVA MORAES1, CECÍLIA STAHL VIEIRA1, ELOI DE SOUZA GARCIA1, PATRÍCIA AZAMBUJA1, DANIELE PEREIRA DE CASTRO1, FERNANDO ARIEL GENTA1
1. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
maiara.valle@gmail.com

A doença de Chagas é uma doença tropical negligenciada causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi , sendo considerada endêmica no Brasil. Uma das formas de transmissão dessa doença é através das fezes e urinas contaminadas de triatomíneos. Os triatomíneos são insetos essencialmente hematófagos pertencentes a ordem Hemiptera, família Reduviidae e subfamília Triatominae. Uma das espécies de triatomíneos muito utilizadas para estudos é Rhodnius prolixus devido a sua fácil manutenção em laboratório e a sua importância na transmissão da doença de Chagas em países da região setentrional da América do Sul. Os triatomíneos possuem o tubo digestório dividido em segmentos com diferentes funções. Dentre as diferentes enzimas que atuam no compartimento intestinal, podemos destacar a α-fucosidase (EC 3.2.1.51) que é uma glicosídeo hidrolase da família 29 (GH29) responsável pela hidrólise de ligações glicosídicas em fucosídeos e glicoconjugados, podendo desempenhar um importante papel na digestão. Além disso, como parte do ciclo do parasita ocorre no tubo digestório do inseto, e T. cruzi possui uma extensa rede de glicoconjugados de membrana, essa enzima pode também estar envolvida na interação parasita-vetor. O gene de α-fucosidase está presente em todas as ordens de insetos e sua sequência de aminoácidos é semelhante em múltiplas espécies e conservada na subordem Heteroptera. O genoma de R. prolixus possui um único gene de α-fucosidase com um peptídeo sinal (SignalP 4.1 e Phobius) e 9 exons, codificando uma proteína de aproximadamente 55kDa, ponto isoelétrico 6,4 (compute pI/Mw), uma hélice transmembrana (Hmmtop), 8 O-glicosilações (NetOglyc) e 4 N-glicosilações (NetNglyc). Através da técnica de RNA de interferência obtivemos um silenciamento gênico de pelo menos 80% da expressão na glândula salivar, intestino médio anterior e intestino posterior, enquanto no intestino médio posterior não houve silenciamento.  Pretendemos verificar a capacidade tripanolítica da α-fucosidase e observar os efeitos do seu silenciamento por RNAi, para compreender melhor sua importância no processo digestivo e sua modulação frente a interação do vetor com o parasito.



Palavras-chaves:  α-fucosidase, Rhodnius prolixus, RNAi, Trypanosoma cruzi