DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE CÃES ERRANTES E SUA RELAÇÃO COM A LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA
SAULO NASCIMENTO DE MELO1, VANESSA VILELA AQUINO1, ANA PAULA ALVES SANTOS1, RAFAEL GONÇALVES TEIXEIRA NETO1, EDUARDO SÉRGIO DA SILVA1, VINÍCIUS SILVA BELO1
1. UFSJ - Universidade Federal de São João del-Rey - campus Centro-Oeste
saulomelobio@hotmail.com

A leishmaniose visceral é uma zoonose potencialmente fatal para cães e seres humanos. Os cães errantes são mais expostos às picadas de flebotomíneos, apresentam prevalências maiores de leishmaniose visceral canina (LVC) em meio urbano e atuam como reservatórios da doença. O objetivo desse estudo foi analisar a associação entre a distribuição espacial de cães irrestritos e o diagnóstico de LVC em uma região da cidade de Divinópolis – Minas Gerais, através de capturas e recapturas. Entre os anos de 2012 e 2014, foram realizados sete esforços de captura em um trajeto predefinido, com auxílio de um veículo adaptado. Os animais capturados tiveram suas coordenadas geográficas registradas e foram encaminhados ao Centro de Referência de Vigilância em Saúde onde passavam por exames para diagnóstico sorológico de LVC através das técnicas de ELISA (triagem) e RIFI (confirmatório). Cães reagentes em ambas as técnicas eram considerados positivos e foram eutanasiados, os negativos eram identificados através de microchip para o reconhecimento em possíveis recapturas. A distribuição espacial dos cães e a localização dos soropositivos foram analisados em mapa de Kernel . Ao longo do estudo foram realizados 487 exames diagnósticos para identificação de LVC, sendo 217 em cães recapturados. Os procedimentos de captura e recaptura resultaram em um total de 270 cães diferentes. Destes, 10 machos e 7 fêmeas foram diagnosticados soropositivo para LVC. Na população total, foi estimada uma prevalência de LVC igual a 6,30%. A análise de agregação dos pontos pelo método Average Nearest Neighborhood , mostrou um padrão de agrupamento dos cães ( z -32,45; p < 0,0001). A distribuição espacial foi dividida em três categorias no mapa de Kernel (alta, média e baixa) de acordo com a quantidade de cães encontrados. Os cães soropositivos para LVC tiveram sua localização plotadas no mapa, onde 70,5% desses animais estavam presentes nas regiões de alta densidade, 29,5% nas de média densidade e em regiões com baixa densidade não foram registrados cães soropositivos. O padrão de agrupamento encontrado nos cães errantes, a prevalência relevante de LVC e o fato dos cães soropositivos estarem presentes nas áreas de alta e média densidade podem facilitar a disseminação da doença caso haja a presença do vetor. Ferramentas de análise espacial podem auxiliar nas estratégias de saúde pública e direcionar intervenções em regiões com abundância de cães irrestritos.



Palavras-chaves:  cão de rua, análise espacial, leishmaniose visceral canina