ANÁLISE ESPACIAL EM CÃES ERRANTES E SUA ASSOCIAÇÃO COM PONTOS DE COMÉRCIO DE ALIMENTOS
SAULO NASCIMENTO DE MELO1, VANESSA VILELA AQUINO1, RAFAEL GONÇALVES TEIXEIRA NETO1, EDUARDO SÉRGIO DA SILVA1, VINÍCIUS SILVA BELO1
1. UFSJ - Universidade Federal de São João del-Rey - campus Centro-Oeste
saulomelobio@hotmail.com

Os cães que circulam livremente pelas ruas estão associados com diversos problemas a nível de Saúde Pública e bem-estar animal. Esses animais, geralmente, são negligenciados e não recebem medidas básicas de profilaxia para doenças como leishmaniose visceral canina e raiva. Fatores como, a busca por alimentos, interação com humanos e o comportamento sexual influenciam o padrão de movimentação dos cães errantes. Sendo assim, alguns cães percorrem distancias maiores que os outros, resultando em heterogeneidade na movimentação individual. Conhecer e compreender a distribuição destes animais no espaço é fundamental para definir estratégias de intervenção e controle. Este trabalho teve como objetivo relacionar a agregação espacial de cães irrestritos e locais com comercio de alimentos em uma área com aproximadamente 8 mil moradores na cidade de Divinópolis – Minas Gerais. As capturas e recapturas dos animais ocorreram entre os anos de 2012 e 2014, totalizando sete capturas realizadas a cada dois meses, com o auxílio de um veículo adaptado conduzido por um trajeto predefinido. Durante a captura os pontos comerciais de alimentos, como açougues, padarias, mercearias e restaurantes tiveram suas coordenadas UTM registradas. Os dados com os locais de captura dos cães foram analisados por meio de mapas de densidade Kernel e relacionados aos pontos comerciais, utilizando o software ESRI:ArcGIS 10.5 . A densidade Kernel foi dividida em três categorias: alta, média e baixa, de acordo com a quantidade de cães encontrados. No total, foram encontrados 487 cães na área de estudo e houve um padrão de agregação espacial desses animais. Os 22 pontos comerciais mapeados na área de estudo foram plotados sobre o mapa de densidade dos cães. Desses pontos comerciais, 68,2% estavam em áreas de alta densidade, 22,7% em áreas de média densidade e 9,1% em áreas de baixa densidade. Foram encontradas zonas de alta densidade sem comércios próximos e podem ser explicadas pelo hábito dos moradores alimentarem os cães. A agregação espacial dos cães irrestritos em algumas áreas da região de estudo mostra uma possível interação com humanos na busca por alimentos, especialmente naquelas com a presença de comércios e possíveis comedouros. Ao mesmo tempo em que é positivo e desejável o cuidado que as comunidades têm com os cães de rua, é essencial compreender sua dinâmica de distribuição para tomar medidas que visam proporcionar condições de vida e de saúde adequadas a estes animais.



Palavras-chaves:  cão de rua, alimentos, distribuição espacial, dinâmica populacional