DISTRIBUIÇÃO DE MANSONELOSE NO MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA, AMAZONAS, BRASIL.
LUIZ CARLOS FERREIRA PENHA PENHA 1, SERGIO LUIZ BESSA LUZ1, CARLOS E. A. COIMBRA JR1, LUIZA GARNELO1
1. FIOCRUZ/ILMD - FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ - INSTITUTO LEÔNIDAS E MARIA DEANE
luizsgc@gmail.com

Considerada uma doença negligenciada, a mansonelose, tem como agentes etiológicos no Brasil as filárias M. ozzardi e M. pertans. O parasita é transmitido por insetos pertencentes às famílias Simuliidae e Ceratopogonidae. Pesquisas apontam o Alto Rio Negro como local de expressão para este agravo. A região é predominantemente povoada por populações indígenas, cuja mobilidade é característica tradicional. Com isso, este trabalho teve como objetivo descrever a distribuição de mansonelose em área urbana e rural do município de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas-Brasil. Com isso, foi realizado um levantamento de registros de mansonelose nos laboratórios da Rede de Atenção à Malária do município, no período de janeiro a dezembro de 2016. As 514 notificações positivas para mansonelose foram distribuídas pela organização geopolítica municipal: “bairros” na área urbana, e “áreas sócio-sanitárias” na zona rural, independente do tipo de acesso fluvial ou terrestre. Para estes foram calculadas as frequências percentuais segundo sexo, grupo etário e localidade rural ou urbana. Foi calculado o p valor para significância estatística. Através da literatura existente em congruência a pesquisas, correlacionou-se a expansão do município com a distribuição do agravo. Verificou-se 514 registros de mansonelose: 33,07% em área urbana e 66,93% na área rural. Bairros de expansão apresentaram maiores frequências, com destaque para Areal (5,84%), Dabarú (6,23%) e Tiago Montalvo (13,04%). Nas áreas sócio-sanitárias de acesso terrestre, registrou-se Estrada de Camanaus (1,56%), Assentamentos (4,28%) e BR 307 (5,45%). Em acesso fluvial, os rios Waupés (2,33%), Içana (14,59%), Negro (18,87%) e Tiquié (19,84%) foram os expressivos. Em grupos etários, obteve-se: 0-9 anos 12 casos (2,33%), 10-19 com 32 (6,23%), 20-39 com 158 (30,74%), 40-59 anos com 178 (34,63%) e acima de 60 anos com 134 casos (26,07%). Por fim, observou-se maior percentual em homens (71,2%). Os dados sugerem que a mansonelose constitui importante endemia parasitária na região. Apesar disso, não há, até o momento, uma política claramente voltada para orientar ações de registro, tratamento e controle dessa parasitose. Os dados apontam maior frequência rural, porém, não é desprezível a proporção urbana dos casos, que tende ocorrer na população mais vulnerável e recém-chegada do Alto Rio Negro e seus afluentes. Palavras-Chaves: alto rio negro; indígenas; mansonelose.

Palavras-chaves:  alto rio negro, indígenas, mansonelose