DISTRIBUIÇÃO DE MANSONELOSE NO MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA, AMAZONAS, BRASIL. |
Considerada uma doença negligenciada, a mansonelose, tem como agentes etiológicos no Brasil as filárias M. ozzardi e M. pertans. O parasita é transmitido por insetos pertencentes às famílias Simuliidae e Ceratopogonidae. Pesquisas apontam o Alto Rio Negro como local de expressão para este agravo. A região é predominantemente povoada por populações indígenas, cuja mobilidade é característica tradicional. Com isso, este trabalho teve como objetivo descrever a distribuição de mansonelose em área urbana e rural do município de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas-Brasil. Com isso, foi realizado um levantamento de registros de mansonelose nos laboratórios da Rede de Atenção à Malária do município, no período de janeiro a dezembro de 2016. As 514 notificações positivas para mansonelose foram distribuídas pela organização geopolítica municipal: “bairros” na área urbana, e “áreas sócio-sanitárias” na zona rural, independente do tipo de acesso fluvial ou terrestre. Para estes foram calculadas as frequências percentuais segundo sexo, grupo etário e localidade rural ou urbana. Foi calculado o p valor para significância estatística. Através da literatura existente em congruência a pesquisas, correlacionou-se a expansão do município com a distribuição do agravo. Verificou-se 514 registros de mansonelose: 33,07% em área urbana e 66,93% na área rural. Bairros de expansão apresentaram maiores frequências, com destaque para Areal (5,84%), Dabarú (6,23%) e Tiago Montalvo (13,04%). Nas áreas sócio-sanitárias de acesso terrestre, registrou-se Estrada de Camanaus (1,56%), Assentamentos (4,28%) e BR 307 (5,45%). Em acesso fluvial, os rios Waupés (2,33%), Içana (14,59%), Negro (18,87%) e Tiquié (19,84%) foram os expressivos. Em grupos etários, obteve-se: 0-9 anos 12 casos (2,33%), 10-19 com 32 (6,23%), 20-39 com 158 (30,74%), 40-59 anos com 178 (34,63%) e acima de 60 anos com 134 casos (26,07%). Por fim, observou-se maior percentual em homens (71,2%). Os dados sugerem que a mansonelose constitui importante endemia parasitária na região. Apesar disso, não há, até o momento, uma política claramente voltada para orientar ações de registro, tratamento e controle dessa parasitose. Os dados apontam maior frequência rural, porém, não é desprezível a proporção urbana dos casos, que tende ocorrer na população mais vulnerável e recém-chegada do Alto Rio Negro e seus afluentes.
Palavras-Chaves: alto rio negro; indígenas; mansonelose. |