ANÁLISE RETROSPECTIVA DA OCORRÊNCIA DE ROEDORES ENVOLVIDOS NO CICLO EPIDEMIOLÓGICO DA PESTE NO MUNICÍPIO DE EXU, SERTÃO PERNAMBUCANO NOS ANOS DE 2007 E 2015
DIEGO LEANDRO REIS DA SILVA FERNANDES 1, ELAINNE CHRISTINE DE SOUZA GOMES1, ALZIRA MARIA DE PAIVA ALMEIDA1
1. UFPE - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2. IAM - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ
leanreis7@gmail.com

Os roedores são responsáveis pela transmissão de zoonoses como a Peste, que está focalizada na Chapada do Araripe, área que se estendendo pelos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco. Historicamente nessa região as ocorrências foram mais relevantes no município de Exu no sertão pernambucano. Estudos ecoepidemiológicos incriminaram o  Necromys lasiurus,  espécie sensível e muito numerosa, como responsável pela amplificação das epizootias, o  Rattus rattus  relativamente resistente, pelo intercâmbio entre os ambientes silvestres e domiciliar e outras espécies resistentes, como os  Galea  e outros cavídeos, pela focalização. Durante várias décadas a vigilância da peste baseou-se no monitoramento dos roedores e em 2007 foi estabelecida como rotina do Programa de Controle da Peste (PCP) a sorologia canina e consequentemente os conhecimentos sobre as populações de roedores foram gradativamente diminuindo. Nosso objetivo foi analisar com base em dados secundários a distribuição dos roedores em duas diferentes épocas (2007 e 2015) no município de Exu. Os   dados foram obtidos da ficha PCP-1 da SES – FUNASA – IXª GERES em 2007, último ano de monitoramento rotineiro dos roedores e dos registros do acervo do SRP/IAM/FIOCRUZ/PE. Como resultado, em 2007 foram trabalhadas 162 localidades e realizadas 323 buscas ativa, instaladas 11.025 ratoeiras nos domicílios (14 ratoeiras/noite), peridomicílios e áreas de vegetação incluindo roças e campos de agropecuária (20 ratoeiras/noite) e capturados 420 animais: 250  Rattus rattus ( 59,5%), 38  Necromys lasiurus  (9,0%), 13  Cerradomys languthi  (3,1%), 38  Galea spixii  (9,0%) e 81 "outros" (19,3%) incluindo sigmodontinos e marsupiais. Em 2015 o SRP realizou uma amostragem de uma semana em Exu a fim de atualizar as informações ecoepidemiológicas sobre os roedores e foram obtidos apenas 23 animais: 14  Thrichomys laurentius ( 60,9%), 06  G. spixii   ( 26,1%), 01  N. lasiurus, 01 C. languthi  e 01  R. rattus  correspondendo a 4,3% cada. No intervalo de oito anos entre as coletas verifica-se notável modificação da fauna rodentia provavelmente pelas mudanças climáticas e de destruição dos biomas nas atividades agropecuárias. A importância dos marsupiais, pequenos carnívoros silvestres e outros roedores considerados pouco numerosos foi anteriormente subestimada. Entretanto essa aparente raridade é porque as capturas se concentravam no peridomicilio, diferente de 2015 que se estendeu para a mata e seu entorno.



Palavras-chaves:  EXU, PESTE, ROEDORES, SERTÃO, YERSINIA