SÍNDROME DE RAMSAY HUNT COMO EFEITO COLATERAL DE TRATAMENTO COM ANTIMONIAL PENTAVALENTE EM PACIENTE COM LEISHMANIOSE TEGUMENTAR CUTÂNEA: RELATO DE CASO
GIOVANNA CEZARINO 1, ROBERTA ABRAHIM FIORAVANTI1, ARINEIA SOARES DA SILVA1, KATIA DO NASCIMENTO COUCEIRO1, LUCAS SILVA FERREIRA1, EMILY DE SOUZA MOURA1, MARIA DAS GRAÇAS VALE BARBOSA GUERRA1, JORGE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUERRA1
1. HCFMUSP - Hospital das Clínicas , 2. FTESM - Fundação Técnico-Educacional Souza Marques, 3. FMTHVD - Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado, 4. UEA - Universidade do Estado do Amazonas, 5. PPGMT - Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical FMTHVD, 6. HUAJ - Hospital Universitário Adriano Jorge, 7. UFA - Universidade Federal do Amazonas , 8. FAMETRO - Faculdade Metropolitana de Manaus
giovanna.cezarino@hc.fm.usp.br

A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença parasitária de evolução crônica, sendo uma doença de notificação compulsória, na qual a região Norte se destaca como a de maior importância epidemiológica. As normas brasileiras de tratamento da LTA preconizam o antimoniato de meglumina como droga de primeira escolha no tratamento, variando entre 20 e 30 dias Acredita-se que sua ação esteja intimamente relacionada à resposta imune celular do hospedeiro, contando com ela para destruir o parasito. Entre os efeitos colaterais, apesar de menos comum, está a reativação do vírus varicela zoster (VVZ), contudo, informações sobre sua ocorrência durante ou após o uso do antimoniato de meglumina são restritas à literatura. A partir disso, relatamos caso de paciente masculino, 54 anos, residente do Tarumã, BR 174 KM 21, Pau Rosa, em Manaus - Amazonas, com diagnóstico de LTA. Foram identificadas duas lesões ulcerosas infiltradas com bordos delimitados, em membro superior esquerdo e membro inferior esquerdo. O diagnóstico etiológico foi feito a partir da escarificação de ambas lesões, com análise microscópica e identificação da Leishmania sp . O paciente realizou tratamento inicial com antimoniato de meglumina, por 20 dias. Na avaliação de 30 dias após tratamento, paciente mantinha lesões satélites, sendo suspenso o antimoniato de meglumina e introduzida a Pentamidina em dose semanal por 3 semanas. Após 2 meses, paciente retornou ainda com as mesmas lesões em atividade – mantendo ulceração e enduração importante em bordos, sendo reiniciado antimoniato, desta vez por 30 dias. A dois dias do final do tratamento, apresentou remissão completa da LTA. No entanto, retornou com lesões vesiculares em região cervical e couro cabeludo, associada a dor intensa em dermátomo cervical correspondente a C5-C6. Foi diagnosticado como Hérpes Zóster, e iniciado Aciclovir 800 mg de 4/4h por 5 dias, associado à Amitriptilina para modulação dolorosa. Na sequência e antes do término do tratamento, apresentou paralisia facial periférica grau V (correspondente a síndrome de Ramsey-Hunt), sendo adicionado ao tratamento a Prednisona 40mg/dia e lágrimas artificiais. Evoluiu com melhora da neuralgia, apresentando cefaléia residual e prurido em região cervical. Na investigação adicional, realizada sorologia para HIV, que foi não reagente. Na avaliação mais recente, paciente já apresentava melhora completa do quadro álgico, da disartria e da mobilidade facial, sem sequelas relatáveis.



Palavras-chaves:  Herpes Zoster, Leishmaniose, Antimônio, Imunidade Celular, Glucantime