MODULAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE NA COINFECÇÃO ENTRE ESQUISTOSSOMOSE E TUBERCULOSE: UM RELATO DE CASO
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INTRODUÇÃO : A esquistossomose é uma doença parasitária, causada pelo trematódeo S.mansoni . Segundo a OMS, é a segunda doença parasitária de importância, com mais de 200 milhões de casos no mundo. No Brasil a doença é detectada em todas as regiões do país. OBJETIVO: Demonstrar a coinfecção entre tuberculose e esquistossomose, e descrever seus principais achados imunológicos. MÉTODO: A paciente foi voluntária de uma pesquisa sobre alergias. A partir disso, buscou-se seu prontuário nos serviços de atendimento. RELATO: Em abril de 2015, E.S.L, sexo feminino, 29 anos, parda, casada, natural e procedente de Jaboatão dos Guararapes – PE. Procurou a UBS queixando-se de emagrecimento (8kg em 2 meses), tosse com sangue, febre alta vespertina, toracalgia direita e sudorese noturna. Relatou ainda, estar grávida e que não havia realizado nenhuma consulta de pré-natal. Ao exame físico a paciente encontrava-se em estado geral regular, hipocorada, desidratada e dispneica. Na ausculta pulmonar apresentou diminuição do murmúrio vesicular, roncos e estertores no terço superior do pulmão direito. Referiu banho de rio em região endêmica para o S.mansoni , e que já havia tido esquistossomose na adolescência. Exames solicitados: Hemograma; PPD; RX de tórax; Baciloscopia do escarro e parasitológico de fezes. Os resultados foram: PPD: 11mm; RX de tórax: Mostrou infiltrado e cavitação em lobo superior direito sugestivo de tuberculose pulmonar; Baciloscopia: Positiva para BAAR; Parasitológico: Positivo para ovos de S. mansoni . Em seguida, foi solicitado um Kato-Katz que demonstrou baixa carga parasitária: 24 O.P.G; Hemograma: Leucócitos totais (cél/mm 3 ): 8900; IgE total: 555; Neutrófilos: 5785; Eosinofilos: 534; Monocitos: 712, estudos das citocinas: IFN-Gama (ng/dL): 0,47; TNF-Alfa: 9,8; IL-10: 0; IL-6: 1037,37; IL-4: 0; IL-2: 0. O tratamento para a tuberculose foi iniciado com melhora clínica da paciente. O tratamento para esquistossomose foi realizado após o período gestacional. DISCUSSÃO: Corroborando com os achados imunológicos da paciente, alguns estudos sugerem que a infecção crônica por esquistossomose pode levar a uma diminuição na produção de IFN-γ, diminuindo assim a resposta do tipo Th1, deixando o paciente mais susceptível a infecções secundárias microbianas. CONCLUSÃO: Encontrou-se uma possível relação entre a infecção crônica por esquistossomose e a doença por micobactérias, por afetar a resistência/suscetibilidade do indivíduo, prejudicando assim a respostas Th1. |