Avaliação do surto de doença de Chagas Aguda (DCA) em Lábrea - Amazonas
VINÍCIUS DA SILVA MONTEIRO 1, DÉBORA RAYSA TEIXEIRA DE SOUSA1, JORGE AUGUSTO DE OLIVEIRA GUERRA1, MARIA DAS GRAÇAS VALE BARBOSA GUERRA 1, BERNARDINO CLAUDIO DE ALBUQUERQUE1
1. FMT HVD - Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado, 2. FVS AM - Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas
goodvinimonteiro@hotmail.com

A Doença de Chagas vem apresentando comportamento emergente na Amazônia, área antes considerada de baixo risco para transmissão, atualmente configura como local de surtos intimamente relacionados à transmissão oral do Trypanosoma cruzi através do consumo de suco de frutas, tal como o açaí. Relatamos o surto de Doença de Chagas Aguda ocorrido em Lábrea – AM no período de dezembro de 2017 através da transmissão oral após consumo de suco de açaí contaminado. Foram considerados como casos expostos toda pessoa sintomática ou não, residente na área de risco ou que consumiu suco de açaí do lote contaminado proveniente do município de Lábrea no período de dezembro de 2017. Pode-se dividir esse surto em dois momentos: primeira fase na qual oito indivíduos sintomáticos foram identificados e tratados na FMT HVD com comprovado vínculo epidemiológico com o consumo de suco de açaí oriundo de Lábrea e dois casos identificados pela vigilância epidemiológica de Lábrea através de gota espessa; e uma segunda fase posterior ao inquérito sorológico realizado através de coleta sistemática de sorologia IgG e IgM de 219 pessoas residentes na área identificada como de alto risco para ingestão do lote de suco de açaí contaminado conforme descrito anteriormente. Destas 219 sorologias, 8 amostras eram de casos agudos confirmados e outras 67 apresentaram titulações reagentes, sendo uma 1/320, uma 1/80 e 19 sorologias 1/40. As demais apresentaram títulos inferiores a 1/40. Esse paciente com titulação 1/320 foi considerado caso confirmado e tratado de imediato. Os demais foram seguidos com sorologias seriadas, sendo indicado tratamento de outros 9 casos durante o seguimento. Apesar das evidências de um evento pontual para a transmissão oral (consumo do açaí contaminado de um lote específico), a definição de caso exposto foi ampliada para toda a população residente na área avaliada como de risco para aumentar a sensibilidade da investigação, com a identificação de sorologias reagentes de IgG e IgM em duas pacientes que negaram a ingestão de açaí, levantando a hipótese de que possam haver casos de transmissão vetorial no local ou então a possibilidade de contaminação de outras fontes alimentares.



Palavras-chaves:  Amazônia, Doença de Chagas Aguda, Doenças Emergentes, Doenças Negligenciadas, Surtos de Doenças