HISTOPLAMOSE E SÍNDROME INFLAMATÓRIA DE RECONSTITUIÇÃO IMUNE COMO MANIFESTAÇÃO PRECOCE DE FEBRE E ANEMIA EM PVHIV: RELATO DE CASO
VINÍCIUS DA SILVA MONTEIRO 1, MÁRCIA MELO DAMIAN1, IZABELLA PICININ SAFE1, ANTÔNIO ARCANJO MARTINS1, CARINA DOS SANTOS MELO1, JOÃO RICARDO DA SILVA NETO1
1. FMT HVD - Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado
goodvinimonteiro@hotmail.com

A síndrome inflamatória de reconstituição imune (SIRI) é caracterizada pela piora paradoxal do quadro clínico de pessoa vivendo com o vírus da imunodeficiência humana (PVHIV) após início da terapia antirretroviral (TARV). Dentre os fatores de riscos relacionados, podemos citar o uso de inibidor de protease com ritonavir, nadir de CD4 de 100 cel/mm³ e queda rápida e significativa de carga viral. Relatamos um caso de uma PVHIV que evoluiu com SIRI após cinco dias do início de TARV. Paciente do sexo feminino, 39 anos, diagnosticada em 2008 como PVHIV que ainda se mantinha virgem de tratamento. Em abril de 2018, evoluiu com síndrome piramidal e crise convulsiva, sendo internada na Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado. Foi iniciado tratamento para neurotoxoplasmose baseado na análise tomográfica e do líquido cefalorraquidiano, evoluindo com melhora do quadro. No décimo quinto dia de internação foi iniciada a TARV com o esquema inicial padrão (TDF+3TC+DTG). Após cinco dias da introdução da TARV, a paciente iniciou quadro de febre com três picos diários aferidos entre 38,5ºC e 40ºC, sem outros comemorativos clínicos e laboratorial apresentando apenas anemia com hemoglobina média de 7g/dl. Ampliou-se a propedêutica em busca do foco com resultados normais em hemoculturas para aeróbios, fungos e micobactérias, assim como, análise liquórica, radiográfica e tomográfica de tórax todas sem alterações. Foi realizado mielograma, o qual evidenciou crescimento de fungo leveduriforme, não identificado inicialmente, todavia confirmado, adiante, para Histoplasma capsulatum . Aventou-se a hipótese de SIRI de início precoce devido redução significativa da carga viral de 108.739 cópias (em 12/04/2018) para 97 cópias (em 11/05/2018) após 19 dias de TARV. Iniciou-se tratamento para fungemia com Anfotericina B convencional por 14 dias, cessando a febre e evoluindo com elevação gradual da hemoglobina. Após 57 dias de internação, a paciente recebeu alta hospitalar com o tratamento de manutenção com Itraconazol e encaminhamento ambulatorial ao serviço de neurologia e infectologia. A SIRI apesar de ser um fenômeno bem documentado, vem se apresentando de maneira cada vez mais precoce com a introdução do dolutegravir como medicamento de primeira linha, ainda carecendo de maior produção bibliográfica, devendo ser suspeitada em todo PVHIV com febre sem foco aparente após o início da TARV.



Palavras-chaves:  Infecção por Histoplasma capsulatum, Infecções Oportunistas Relacionadas com , Síndrome inflamatória de reconstituição , Sorodiagnóstico da AIDS, Terapia Antirretroviral de Alta Atividad