ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO (AVEH) SECUNDÁRIO À ACIDENTE BOTRÓPICO: RELATO DE CASO
VINÍCIUS DA SILVA MONTEIRO 1, IZABELLA PICININ SAFE1, MÁRCIA MELO DAMIAN1, MARIANA SANTIAGO BERNARDES 1, GABRIEL REBELLO PENNINI1, ALINE STEPHANIE PÉREZ GÓMEZ1
1. FMT HVD - Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado
goodvinimonteiro@hotmail.com

As serpentes venenosas no Brasil pertencem aos g ê neros Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus, sendo responsá veis por mais de 20.000 acidentes notificados por ano ao Minist é rio da Sa úde, dentre estes, cerca de 80% a 90% dos acidentes of í dicos são causados por serpentes do g ê nero Bothrops. Relatamos o caso de uma mulher de 20 anos que evoluiu com manifestações hemorrágicas graves após acidente ofídico por serpente do g ê nero bothrops. Paciente proveniente do município de Lábrea no interior do Amazonas, vítima de acidente botrópico em área de mata aberta por volta de 13 horas. Do momento do acidente até a infusão do soro antibotrópico foram 20 horas. Tendo evoluído com agitação psicomotora, cefaleia holocraniana, hematêmese e síncope. Ao exame físico, observou-se estrabismo convergente, hemorragia conjuntival e retiniana à esquerda, hemianopsia temporal esquerda com paralisia do retolateral e obliquo superior esquerdo, assim como hipoestesia em face esquerda e área de necrose seca em face plantar de 3º e 4º pododactilos esquerdos. A tomografia computadorizada (TC) de crânio, evidenciava áreas hiperdensas sugestivas de hemorragia aguda com edema perilesional em região parieto-occipital esquerda, em território de artéria cerebral média. O veneno possui açã o citot óxica, vasculotó xica e anticoagulante que pode causar desde sintomas locais leves a necrose tecidual, rabdomiólise, insuficiência renal aguda e acidente vascular encefálico hemorrágico (AVEH) . Das complicações sistêmicas, as coagulopatias são as mais comuns, neste caso, manifestadas através de hematêmese, AVEH, hemorragia conjunctival e retiniana. A TC de crânio na vigência da suspeita clínica de AVEH, apresenta-se como padrão-ouro no diagnóstico. Foi optado por terapêutica conservadora pela ausência de desvio de linha média maior que 8 cm, melhora do nível de consciência e estabilização clínica após medidas de suporte e corticoterapia. A paciente teve alta após 18 dias com boa evolução clínica e tomográfica, sendo encaminhada para acompanhamento com a neurologia. As complicações advindas do acidente botrópico podem ser contornáveis se abordadas a tempo. Neste contexto, a soroterapia precoce entra como principal fator terapêutico e prognóstico.



Palavras-chaves:  Acidente Ofídico, Acidente Vascular Cerebral, Envenenamento por Serpente, Mordeduras de Serpentes, Picada de Cobra