CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DA TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE EM UM ESTADO DO NORDESTE BRASILEIRO
ANA CAROLINE CAVALCANTE DE MENEZES 1, ALEXSANDRA ANTÔNIO DA SILVA1, TÂNIA MARIA RIBEIRO MONTEIRO DE FIGUEIREDO1
1. UEPB - Universidade Estadual da Paraíba
ANACAROLIINEC@HOTMAIL.COM

De acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, estima-se que o Brasil some 726.712 pessoas privadas de liberdade (PPL), os quais se encontram em estabelecimentos sem correspondente adequação da estrutura física e de pessoal, nessa conjuntura, a disseminação de doenças infecciosas, tais como, HIV/AIDS e tuberculose constitui-se com sério risco à saúde dos detentos e de seus contatos. Estudo transversal descritivo, com abordagem quantitativa. A população estudada compreendeu os casos de tuberculose na PPL notificados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), no ano de 2017, no estado da Paraíba, as variáveis investigadas foram: sexo, raça/etnia, faixa etária, forma clínica da TB, realização do tratamento diretamente observado (TDO), comorbidades, tipo de entrada e situação de encerramento do tratamento da TB. Foram encontrados 124 casos de TB na PPL, dos quais 122 eram homens, com prevalência da raça parda 72,5%, e 40,3% se encontravam na faixa etária entre 25 e 34 anos. A maioria foi diagnosticada com a forma clínica pulmonar da doença (96,7%) e 9,8% receberam assistência por meio do TDO. Entre as comorbidades, o alcoolismo e o tabagismo foram as mais prevalentes, somando, respectivamente, 37% e 56%, observa-se ainda que 6,4% eram soropositivos para HIV. 70% dos casos foram notificados como casos novos, 50,8% obtiveram cura, 9,6% foram notificados como abandono e 30,7% apresentaram a situação de desfecho como ignorada ou em branco. A TB entre apenados está relacionada a diversos fatores, tais como, abuso de álcool e drogas, coinfecção TB-HIV, ILTB (Infecção latente por tuberculose) e baixo nível socioeconômico. Prisões superlotadas, associadas as péssimas condições de habitação, além dos obstáculos de acesso aos serviços de saúde são também considerados fatores de risco para o adoecimento. Ademais, a baixa adesão ao tratamento torna-se uma variável muito importante nesse contexto, tendo em vista que, o abandono pode levar ao desenvolvimento de resistência as drogas anti-TB, além de manter o ciclo de contaminação não só entre os apenados, mas também com a população externa e os profissionais que trabalham no sistema prisional. Percebe-se, portanto, que a TB na PPL não se restringe aos estabelecimentos penitenciários, mas a todo o contexto social. Desse modo, o combate e o controle da TB requerem um esforço coletivo para mudar seus padrões endêmicos visando reduzir a cadeia de transmissão, óbitos e multirresistência.



Palavras-chaves:  tuberculose, prisioneiros, prisões, epidemiologia, saúde pública