CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DA TUBERCULOSE MULTIRRESISTENTE NO BRASIL
JÉSSICA LINS DE OLIVEIRA1, VALDÍZIA MENDES E SILVA1, AGUINALDO JOSÉ DE ARAÚJO1, ANA CAROLINE CAVALCANTE DE MENEZES1, TÂNIA MARIA RIBEIRO MONTEIRO DE FIGUEIREDO1
1. UEPB - Universidade Estadual da Paraíba, 2. UFPB - Universidade Federal da Paraíba, 3. EERP USP - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
ANACAROLIINEC@HOTMAIL.COM

Estima-se que 19% dos casos de tuberculose (TB) no mundo sejam multirresistente, constituindo-se como um grande obstáculo para a saúde pública. O estudo teve como objetivo investigar as características epidemiológicas da tuberculose multirresistente no Brasil. Transversal descritivo e com abordagem quantitativa. A população estudada compreendeu os casos de tuberculose multirresistente (TB-MR) notificados pelo Sinan, de 2015 a 2017, cujas variáveis investigadas foram: regiões geográficas brasileiras, sexo, raça/etnia, escolaridade, coinfecção TB-HIV, cultura de escarro, tipo de entrada, realização do tratamento diretamente observado (TDO), forma clínica da TB e situação de encerramento do tratamento da TB. O estudo foi aprovado no comitê de ética em pesquisa com seres humanos da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) (protocolo nº 45954315.5.0000.5187). Foram encontrados 681 casos de TB-MR, com predomínio na Região Sudeste (50,64%), na população do sexo masculino (72,21%), em pessoas de raça/etnia parda (40,54%) e de baixa escolaridade (41,64%). A maioria obteve cultura de escarro positiva (86,34%) e 19,2% com resultado positivo para o teste anti-HIV.  Houve predominância de casos novos (42,64%) e da forma clínica pulmonar (95,3%). Quanto ao TDO, 52,30% não receberam este tipo de assistência. Na situação de encerramento do tratamento da TB, 5,33% obtiveram cura e 89,14% permaneceram em situação de TB-MR. Observa-se que a TB-MR é uma problemática multicausal, estando quase sempre associada à: interrupção e/ou uso dos medicamentos de modo irregular; casos em que o indivíduo é contaminado com uma cepa já multirresistente e desenvolvimento da resistência durante o processo de multiplicação do bacilo. A predominância de casos TB-MR também está relacionada à problemáticas sociais que desfavorecem as chances de cura, de acesso aos serviços de saúde e propiciam uma baixa percepção da necessidade do uso efetivo dos medicamentos. Deste modo, o tempo e a complexidade do tratamento, associados às iniquidades sociais em que a maioria dos indivíduos acometidos vivenciam, condiciona situações que favorecem a não-adesão ao regime terapêutico, o que perpetua a cadeia de transmissão da TB. Assim, realizar o combate e controle da TB-MR tem-se tornado um desafio para as políticas e ações de controle do agravo. Diante disso, percebe-se que a TB-MR apresenta características peculiares que necessitam de ações estratégicas e intersetoriais, que contribuam na redução dos casos.



Palavras-chaves:  tuberculose, multirresistente, medicamento, epidemiologia, saúde pública