INFECÇÃO CONGÊNITA POR ZIKA VÍRUS: RELATO DE CASO DE CONSEQUÊNCIAS EM CRIANÇA
A.P. ROMENITO1, L.L. LEON1, J.C. DOMINGUES1, S.M.F. MENONI1, C.R. GARLIPP1, S.C.B. COSTA1, S.H.A. BONON 1
1. UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
sbonon@fcm.unicamp.br

As manifestações da infecção intrauterina pelo ZIKV são mais graves quando ocorrem no primeiro trimestre de gestação e variam desde morte fetal até várias anormalidades congênitas. No Brasil, durante a epidemia ocorrida de de março de 2015 até fevereiro de 2016, durante a epidemia, houve um aumento de 20 vezes nos casos de microcefalia quando comparado com os anos anteriores. O vírus Zika é um novo membro da TORCHS, um grupo de infeções de origem parasitária, viral e bacteriana na gravidez que podem provocar anomalias graves e mesmo a morte fetal, que lidera a infecção congênita através da transmissão vertical e prejudica o cérebro em seu desenvolvimento. Ao contrário das outras infecções TORCH, esta é uma doença cujo impacto a longo prazo ainda é desconhecido. Este trabalho relata o caso de uma criança, do sexo feminino, nascida em Salto/SP em 28/04/2016. Em agosto de 2016 deu entrada no Hospital das Clínicas da UNICAMP com esquizencefalite e nos registros da paciente foram descritos microcefalia, hidrocefalia, meningoencefalite linfocitária, quadros convulsivos, perda de visão e abaulamento craniano. Foi internada diversas vezes com febre, infecção urinária, meningite e passou por cirurgia de derivação ventrículo-peritoneal (DVP). Em amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) coletada da paciente a partir de fevereiro de 2017, foi detectado o RNA do ZIKAV pela qPCR e a positividade permaneceu nas amostras dos meses abril e junho do mesmo ano. O resultado bioquímico do LCR apresentou aspecto que variou entre límpido e opalescente. Alterações como hiperproteinorraquia foram identificadas com variação entre 156 a 451mg/dl (valor de referência: 40mg/dl). Foram observados parâmetros como hipoglicorraquia e hiperproteinorraquia em seu LCR, com coloração amarelo citrino. Os sintomas de irritabilidade e hidrocefalia se mantiveram. Em junho de 2017, voltou ao hospital com abaulamento de fontanela e edema no trajeto do cateter e irritabilidade, negando febre. A detecção do RNA do ZIKV em criança que sofreu infecção congênita pelo ZIKV pode ser preditiva das sequelas produzidas por este vírus no SNC. Portanto, é de suma importância o acompanhamento multidisciplinar adequado aos pacientes expostos ao vírus, com o objetivo uma melhor compreensão desta infecção, sua história natural e as intervenções clínicas, cirúrgicas e medicamentosas adequadas para garantir a melhora no desenvolvimento e da qualidade de vida dessas crianças e seus familiares.



Palavras-chaves:  Infecção pelo Zika Vírus, Infecções por arbovírus, PCR em Tempo Real, Relatos de Casos